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Estudo reforça hipótese de que covid surgiu em mercado chinês

Primeiros casos foram detectados no fim de 2019, em Wuhan, mas duas teorias se contrapõem

CoronavírusCoronavírus - Foto: Gerd Altmann /Pixabay

Um estudo divulgado nesta quinta-feira (19) sobre a origem da covid-19 reforça a hipótese de transmissão do vírus a partir de animais infectados em um mercado da cidade chinesa de Wuhan.

Os cientistas ainda não conseguiram determinar a origem da doença, cinco anos após o surgimento da pandemia, que paralisou o mundo.

Os primeiros casos foram detectados no fim de 2019, em Wuhan, mas duas teorias se contrapõem.

Uma das hipóteses é a de que a pandemia teve origem em um vazamento ocorrido em um laboratório onde se estudavam vírus relacionados ao novo coronavírus.

A outra aponta que ele contaminou seres humanos por meio de um animal intermediário em um mercado de Wuhan, tese que tem maior respaldo da comunidade científica.

Publicado na revista Cell, o estudo divulgado hoje se baseia na análise de mais de 800 amostras colhidas em janeiro de 2020 no mercado, onde eram vendidas diferentes espécies de animais silvestres.

Colocados à disposição dos investigadores por cientistas chineses, os dados colhidos não permitem "dizer com segurança se os animais do mercado estavam infectados", ressaltou à AFP Florence Débarre, do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França, que participou do estudo.

"Nosso trabalho nos permite confirmar que, no fim de 2019, havia animais silvestres nesse mercado, e que eles estavam presentes na esquina sudoeste, uma área onde uma grande quantidade de Sars-CoV-2 foi detectada".

As espécies foram identificadas como prováveis hospedeiros intermediários do vírus entre os morcegos e os seres humanos, e sua presença no mercado foi questionada. Até hoje, havia apenas provas fotográficas e o resultado de um estudo que descrevia os animais vendidos em Wuhan.

Gaiolas infectadas
O estudo analisou “carrinhos de animais, uma gaiola, um carrinho de lixo e uma máquina para remover pelos e penas de uma barraca de fauna selvagem”, que testaram positivo para o Sars-CoV-2. Foi encontrado nessas amostras “mais DNA de espécies de mamíferos selvagens do que DNA humano”.

“Esses dados indicam que os animais presentes nessa barraca espalharam o Sars-CoV-2 detectado no equipamento para os bichos, ou que os primeiros casos de covid-19 em seres humanos não reportados transmitiram o vírus exatamente no mesmo local em que os animais detectados”, explicaram os autores do estudo.

Outro elemento fundamenta a hipótese de que o mercado foi o ponto de partida para a propagação do vírus.

O estudo determina que a cepa original do Sars-CoV-2 encontrada nas amostras colhidas no local é "geneticamente idêntica" à da pandemia em seu conjunto.

"Isso significa que a diversidade precoce do vírus se encontra no mercado, como seria de se esperar se esse tiver sido o local do seu surgimento", disse Florence.

O novo estudo "fornece provas muito sólidas de que as barracas de fauna selvagem do mercado foram um foco do surgimento da pandemia", destacou James Wood, epidemiologista da Universidade de Cambridge, ao órgão Science Media Center.

Wood considera o trabalho importante, uma vez que, apesar dos esforços "em escala mundial para reforçar a biossegurança nos laboratórios, pouco ou nada foi feito para limitar o comércio de animais silvestres vivos, a perda de biodiversidade ou as mudanças no uso das terras, que são os verdadeiros prováveis impulsionadores do surgimento de pandemias passadas e futuras".

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