Logo Folha de Pernambuco

Coronavírus

Estudo revela primeira morte por recorrência da Covid-19 no Brasil

O farmacêutico de 44 anos teve seu primeiro diagnóstico em maio de 2020

UTI de coronavírusUTI de coronavírus - Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

A morte de um farmacêutico de 44 anos é a primeira documentada por recorrência da Covid-19 no Brasil, de acordo com estudo publicado na última sexta-feira (12) na publicação especializada Journal of Infection.

O profissional teve o primeiro diagnóstico para Covid-19 no dia 8 de maio de 2020, com sintomas leves, e retomou as suas funções após cumprir quarentena. No dia 13 de junho, ele voltou a ter diagnóstico positivo da doença, que evoluiu de forma rápida, e morreu no dia 24 de junho.

Não é possível confirmar se o caso foi uma nova infecção ou se foi o vírus da mesma infecção voltou a atacar o paciente porque não foi possível isolar a amostra para fazer o mapeamento genético do vírus na primeira vez que ele recebeu o diagnóstico.

A pesquisa, que foi feita por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe em parceira com outras oito instituições, identificou também outros 32 casos de reincidência da Covid-19 em pacientes brasileiros.

O paciente que morreu, porém, era o único que tinha o vírus com a mutação G25088T. Segundo o estudo, a variante é muito presente no Brasil e é mais frequente nos pacientes que morreram em uma região da Índia. Segundo o estudo, ser profissional da saúde e ter sangue tipo A aumentou as chances de recorrência na Covid-19. Fatores que não foram associados incluem sintomas de infecção do trato respiratório superior, perda do olfato, tosse seca e comorbidades como hipertensão, obesidade, diabetes e asma, mas essas doenças parecem associadas com uma recorrência moderada ou severa da Covid-19.

Entre os outros casos reunidos pelo estudo está o de uma técnica de enfermagem de 40 anos, também de Sergipe, que se tornou o primeiro caso de reinfecção registrado no Brasil. O caso aconteceu em julho de 2020, mas só veio à tona com a publicação do estudo.

Até então, o primeiro caso de reinfecção oficialmente registrado pelo Ministério da Saúde era o de uma médica do Rio Grande do Norte, que ocorreu em 23 de outubro do ano passado.

A nova pesquisa apontou que a técnica de enfermagem de Sergipe teve diagnóstico positivo para o Sars-CoV-2 duas vezes no intervalo de 54 dias, entre maio e julho do ano passado. Ela realizou dois testes RT-PCR, considerado o método mais eficaz para diagnóstico da Covid-19.

A análise do genoma viral da profissional de saúde apontou a existência de sequências genômicas filogenéticas diferentes nas duas amostras, comprovando a reinfecção. Neste caso, a segunda infecção teve sintomas mais graves do que a primeira, mas a paciente teve boa recuperação clínica.

Professor da Universidade Federal de Sergipe e gerente de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário/Ebserh, o pesquisador Roque Pacheco de Almeida afirma que a maioria dos casos de recorrência aconteceu em profissionais de saúde, sendo a maior parte deles trabalhadores jovens.

Na avaliação do professor Roque Pacheco de Almeida, os estudos apontam que os cuidados para evitar a disseminação do vírus devem ser mantidos mesmo entre aquelas que já tiveram a Covid-19 ou se vacinaram. "A gente tem que estar protegido, mesmo se já tomou vacina ou se já teve a doença. O vírus está se adaptando e tudo pode acontecer até que haja um equilíbrio entre o vírus e seu hospedeiro", afirma.

Ele ainda destaca a importância de acelerar a vacinação: "A vacina é fantástica, todo mundo deve tomar. Mas se a vacinação não acontecer de forma rápida, o vírus vai se adaptando, se modificando com mutações".

Veja também

Peru inicia vacinação contra dengue após recorde de casos
Vacina

Peru inicia vacinação contra dengue após recorde de casos

Novas imagens mostram estudante de Medicina dando tapa em viatura da PM e sendo perseguido
ABORDAGEM

Novas imagens mostram estudante de Medicina dando tapa em viatura da PM e sendo perseguido

Newsletter