EUA advertem contra escalada após ministro de Israel dizer que Irã pagará o preço no momento certo
Washington não está buscando uma 'guerra mais ampla' com Teerã, mas permanece 'vigilante', disse porta-voz; ex-ministro da Defesa, Benny Gantz, fez declaração antes da reunião do gabinete de guerra
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, John Kirby, afirmou neste domingo (14) que os EUA não querem ver uma escalada da crise no Oriente Médio, em referência à promessa de retaliação de Israel ao lançamento de mais de 330 mísseis e drones pelo Irã — a qual, segundo o membro do Gabinete de guerra e ex-ministro da Defesa, Benny Gantz, ocorrerá "na forma e no momento certo" para o país.
— Não queremos ver isso escalar — afirmou Kirby ao programa "Meet The Press" da NBC. — Não estamos buscando uma guerra mais ampla com o Irã.
Os EUA afirmaram no sábado que suas forças interceptaram dezenas de mísseis e drones lançados pelo Irã, Iraque, Síria e Iêmen, em uma demonstração significativa de apoio ao seu aliado mais próximo no Oriente Médio, que andava estremecido por conta do conflito na Faixa de Gaza.
O presidente Joe Biden reafirmou o apoio "firme" a Israel, mas disse ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que Washington não apoiaria nenhum contra-ataque a Teerã.
"Você teve uma vitória. Aceite-a", disse o líder americano ao premier, segundo um oficial sênior da Casa Branca à agência Axios, em uma tentativa de orientar seu aliado para longe de uma resposta militar. A "vitória" faz referência ao número de mísseis e drones interceptados por Tel Aviv, que afirma ter sofrido apenas pequenos danos a uma base militar, que não teve o nome ou a localização divulgados.
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Mas Israel parece determinado a seguir adiante com sua resposta. Mais cedo, pouco antes da reunião do gabinete de guerra, Gantz afirmou em um comunicado que o Estado judeu irá "construir uma coalizão regional e cobrar o preço ao Irã da maneira e no tempo certo para nós".
'Vigilantes'
Israel está em alerta máximo neste domingo, depois que o ataque sem precedentes do Irã gerou temores de um conflito mais amplo. Teerã lançou seu primeiro ataque direto ao território israelense na noite de sábado (horário de Brasília), em retaliação ao ataque mortal atribuído a Tel Aviv contra seu consulado em Damasco, capital Síria, em 1º de abril.
Foram mais de 300 drones e mísseis, que acabaram ferindo 12 pessoas, segundo o Exército israelense. Mas quase todos eles foram interceptados antes de chegarem ao território israelense, disseram as forças armadas, com a ajuda dos EUA, Jordânia, Reino Unido e outros aliados.
A retaliação iraniana sem precedentes — já que foi a primeira lançada contra o Estado judeu a partir do seu território — marcou uma grande escalada entre os inimigos regionais. Em nota, a missão do Irã na ONU indicou que os ataques concluíam sua retaliação, mas com a ressalva de que haverá uma "resposta mais severa" em caso de réplica israelense. Também afirmou que os EUA "devem ficar de fora" de um assunto que só envolve os dois países.
Kirby acrescentou na entrevista que Washington permanece "vigilante" a quaisquer ameaças iranianas às tropas americanas:
— Deixamos muito claro para todas as partes, incluindo o Irã, o que faríamos [...] e também o quão seriamente levaríamos quaisquer ameaças potenciais ao nosso pessoal — afirmou.
Em entrevista à CBS, o porta-voz acrescentou que Washington tomará "todas as medidas necessárias para proteger nossas tropas, nossos navios e nossas instalações na região no futuro." Também enfatizou que as negociações entre Hamas e Israel sobre uma trégua em Gaza e um acordo de libertação de reféns ainda estão em andamento.
— Não consideramos que a diplomacia esteja morta — disse.
Kirby indicou que o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) americana, Bill Burns, negociou um novo acordo no Cairo há aproximadamente uma semana que "vai retirar dezenas de mulheres, idosos e feridos em maior risco, e nos dará um cessar-fogo de seis semanas".
— Os líderes do Hamas precisam aceitar este acordo. E não o consideramos morto neste momento — frisou.
Na visão do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a situação palestina pode influenciar no cenário iraniano-israelense. A declaração feita pela francês ocorreu após a reunião do G7.