EUA alertam para avanço militar de Rússia e China no espaço e reforçam defesa para manter vantagem
Segundo autoridades americanas, nos últimos meses, ambos os países realizaram diversas missões de treinamento de satélite, o que evidencia um esforço para armar o espaço
O Pentágono, nos Estados Unidos, acompanha de perto as atividades militares da Rússia e da China no espaço, pois acredita que os países estão intensificando testes de novas capacidades ofensivas. Segundo autoridades militares americanas, nos últimos meses, ambos realizaram uma série de missões de treinamento de satélite, o que evidencia um crescente esforço para armar o espaço sideral.
Na semana passada, satélites russos realizaram exercícios de “táticas de ataque e defesa”, manobras destinadas a aumentar a proficiência de sua força espacial, de acordo com a CNN. Um oficial de defesa dos EUA afirmou que foram observados vários satélites russos trabalhando juntos para cercar e isolar outro satélite em órbita baixa da Terra. Para ele, essa atividade russa demonstra como eles poderiam potencialmente atingir naves inimigas em um conflito futuro.
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— A Rússia quer tirar nossas vantagens no espaço e não se importa com danos colaterais — afirmou o oficial à CNN, acrescentando que o objetivo da Rússia continua sendo colocar uma arma nuclear no espaço, pois o país está se preparando ativamente para um potencial conflito armado no espaço.
Esse esforço da Rússia já havia sido destacado no ano passado, quando a CNN revelou o desenvolvimento de uma arma nuclear espacial que usaria uma onda de energia massiva, conhecida como pulso eletromagnético, para derrubar uma grande faixa de satélites comerciais e governamentais.
Já em 2021, a Rússia também testou um míssil antissatélite, que destruiu um próprio satélite, criando um enorme campo de destroços no espaço que forçou os astronautas da Estação Espacial Internacional a correrem para se proteger.
China pode monitoras forças americanas
A China, por sua vez, realizou exercícios de treinamento semelhantes no espaço ao longo do último ano. Em dezembro do ano passado, Pequim lançou um satélite de sensoriamento remoto que, segundo autoridades militares da Força Espacial dos EUA, poderia permitir o monitoramento persistente das forças americanas e aliadas na região do Pacífico.
— Eles praticaram abordagens de ataque. Essas são patrulhas avançadas e táticas avançadas — alertou o oficial americano.
Além das táticas de satélites coorbitais, que podem atingir diretamente ou desativar outros satélites, a China também desenvolve mísseis antissatélite e sistemas de energia direcionada, como lasers. Segundo o oficial de defesa, o Exército de Libertação Popular da China (PLA) está construindo uma força espacial “treinada e pronta para tomar o melhor terreno elevado” dos EUA.
Preocupação dos EUA
A rápida expansão das capacidades espaciais chinesas já surpreendeu os Estados Unidos. Em 2021, um teste de míssil hipersônico lançado do espaço pegou os EUA de surpresa. À época, o principal general do país chamou o teste de um “evento tecnológico muito significativo”.
Diante da crescente ameaça, a Força Espacial dos EUA intensifica o desenvolvimento de capacidades defensivas e ofensivas, buscando garantir que nem a Rússia nem a China possam obter vantagem estratégica no espaço.
— A mobilidade pode levar à fuga — disse o oficial, apontando como os alemães tiraram a mobilidade dos tanques inimigos durante a Segunda Guerra Mundial.
Apesar da rápida evolução da Rússia e da China, os EUA ainda mantêm vantagem no espaço. No entanto, ambos os países estão desenvolvendo novos sistemas para aumentar a eficácia militar e acabar com qualquer dependência da tecnologia americana, de acordo com a sede de inteligência da Força Espacial dos EUA.
Tratado do Espaço Exterior de 1967
Os três países são signatários do Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe armas de destruição em massa no espaço. Porém, com a crescente preocupação de uma corrida armamentista no espaço exterior, o tratado parece cada vez mais uma relíquia do passado. Em abril do ano passado, a Rússia vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que reafirmaria a proibição de armas nucleares no espaço.
"A inteligência sugere que o PLA provavelmente vê as operações antiespaciais como um meio de dissuadir e combater a intervenção militar dos EUA em um conflito regional" apontam oficiais da Força Espacial dos EUA.
“Além disso, os acadêmicos do PLA enfatizam a necessidade de 'destruir, danificar e interferir nos satélites de reconhecimento e comunicação do inimigo' para 'cegar e ensurdecer o inimigo'”, acrescentaram.
Em 2024, a China realizou 66 lançamentos espaciais bem-sucedidos, colocando 67 satélites com capacidades de inteligência, vigilância e reconhecimento em órbita, de acordo com o Quartel-General de Inteligência da Força Espacial dos EUA. Em dezembro do ano passado, o país tinha mais de 1.060 satélites em órbita, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
— Os EUA precisam estar prontos para fazer mais do que proteger e defender no espaço sideral. Histórias sobre jogar na defesa são histórias sobre perder — concluiu o oficial de defesa americano.