GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

EUA anuncia que Israel fará pausas de quatro horas em Gaza em meio à piora de condições no local

Netanyahu também teria prometido a abertura de dois corredores humanitários para retirada de civis e entrada de ajuda humanitária

Homem ferido na Faixa de GazaHomem ferido na Faixa de Gaza - Foto: Aris Messinis/AFP

Israel concordou em implementar pausas humanitárias de quatro horas em áreas do norte da Faixa de Gaza todos os dias para permitir a retirada de civis para o sul e a entrada de suprimentos básicos no enclave palestino sitiado, informou a Casa Branca nesta quinta-feira, acrescentando que as pausas serão anunciadas três horas antes de sua vigência. A decisão foi anunciada em meio a alertas de uma rápida deterioração das condições de vida em Gaza por parte da ONU.

De acordo com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, Israel disse à Casa Branca que não haveria operações militares nessas áreas durante as pausas e que também abriria dois corredores humanitários do norte ao sul de Gaza. Um já foi aberto, e o outro será em uma estrada costeira, segundo o jornal israelense Haaretz.

— Os israelenses nos disseram que esse processo está começando hoje — disse Kirby, chamando-o de "passos na direção certa".

Ainda segundo ele, a decisão de Israel de permitir pausas de quatro horas veio depois de "muito empenho do governo americano para tentar garantir que a assistência humanitária pudesse entrar e que as pessoas pudessem sair com segurança". Acrescentou que as pausas proporcionariam "breves janelas de oportunidade" para a passagem segura dos reféns que estão sendo mantidos pelo Hamas.

— Temos pedido aos israelenses que minimizem as baixas civis e que façam tudo o que puderem para reduzir esses números — comentou Kirby.

Por outro lado, o Gabinete do primeiro ministro Benjamin Netanyahu descartou a possibilidade de um cessar-fogo sem que haja a libertação dos reféns.

"Os combates continuam e não haverá cessar-fogo sem a libertação de nossos reféns. Israel permite corredores de trânsito seguros do norte da Faixa de Gaza para o sul, como 50.000 habitantes de Gaza fizeram ontem. Mais uma vez, pedimos à população civil de Gaza que evacue para o sul", declarou em nota nesta quinta-feira.

O presidente dos EUA, Joe Biden, também disse que não havia "nenhuma possibilidade" de um cessar-fogo total em Gaza, em resposta a uma pergunta sobre as chances de tal medida.

As conversas entre Israel e o hamas ocorrem de forma indireta, com a mediação do Catar, e segundo o Guardian, se encontram em um momento de impasse. Até o momento, apenas quatro pessoas foram libertadas, duas americanas e duas israelenses, todas no mês passado, no momento em que aumenta a pressão da sociedade israelense sobre um já extremamente impopular Benjamin Netanyahu.

Famílias dos sequestrados — são cerca de 240, segundo Israel — exigem que Netanyahu faça concessões para garantir o retorno de todos para casa, mas não há um sinal claro do que o premier pretende fazer, a não ser a extensão da ofensiva terrestre dentro de Gaza. Uma saída esperada, e que já ocorreu muitas vezes nas últimas décadas, é a troca de reféns por prisioneiros palestinos hoje detidos em cadeias israelenses. O caso mais famoso ocorreu em 2011, quando houve um acordo para a libertação de 1.027 prisioneiros em troca do soldado Gilad Shalit, capturado pelo Hamas em 2006.

— O que temos a dizer para o governo de Israel é: faça o seu trabalho para garantir a libertação dos reféns. Como você vai fazer pra conseguir isso é seu problema — disse ao Guardian Yehuda Beinin, que viu a filha e o genro serem capturados pelo Hamas no kibbutz Nir Oz. — Não parece que um mês se passou, não tenho mais ideia de tempo, é tudo um grande borrão e não é real, é irritante. Psicologicamente e emocionalmente estou focada em fazer o que eu puder fazer para garantir a libertação de minha filha e do marido dela, então toda minha energia está nisso.

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