EUA articula para usar agentes de áreas ligadas ao combate a armas ilegais, drogas e imigração
Memorando revelado pelo The Wall Street Journal expõe novo meio de reversão das políticas existentes no país na área
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Em mais um posicionamento do governo de Donald Trump contra a imigração nos Estados Unidos, a gestão republicana articula autorizar policiais que trabalham em áreas ligadas ao combate a drogas e armas a atuarem com os mesmos poderes de um agente de imigração.
A informação foi noticiada pelo periódico The Wall Street Journal, que teve acesso a uma documentação enviada pelo secretário interino de Segurança Interna, Benjamine Huffman.
O memorando aponta que a pasta deve conceder autoridade de fiscalização de imigração à diferentes agências do Departamento de Justiça americano, inclusive o responsável pelo controle e repressão de drogas, além do que atua no combate ao tráfico de armas, ao uso e armamento ilegal de explosivos e a atos de terrorismo.
O Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos deteve quase 500 imigrantes ilegais em todo o país durante as primeiras horas do mandato d e Trump, informou a imprensa internacional citando a agência na quinta-feira. Foram aproximadamente 460 prisões em um período de 33 horas, incluindo pessoas com históricos criminais como agressão sexual, roubo, violência doméstica e outros delitos.
Um documento interno da Casa Branca obtido pelo New York Times, assinado na noite de quinta-feira pelo chefe interino do Departamento de Segurança Interna, oferece aos funcionários do ICE um roteiro sobre como usar recursos amplos que há muito tempo eram reservados apenas a pessoas encontradas na fronteira com o México para remover rapidamente esse grupo de migrantes, formado por mais de 1 milhão de pessoas.
Sinalizações contra a imigração
Poucas horas após assumir a Presidência dos Estados Unidos, Trump a ssinou uma série de decretos que sinalizaram uma reversão das políticas existentes no país em questões como imigração, meio ambiente e diversidade.
O conjunto das ordens executivas foi um esforço para alterar muitas das políticas domésticas do agora ex-presidente Joe Biden: em discurso na segunda-feira, o republicano disse ter revogado quase 80 “decretos radicais e disruptivos da administração anterior”.
Embora algumas das ordens de Trump devam quase certamente ser contestadas nos tribunais — e com outras sendo amplamente vistas como simbólicas — elas representam, em conjunto, sua intenção de se afastar drasticamente da direção da administração democrata e de cumprir suas promessas de campanha.
Desde que anunciou sua candidatura, o republicano garantiu que iniciaria seu segundo mandato com novos esforços para restringir a imigração ilegal e deportar imigrantes indocumentados que atualmente residem no país.
Não foi surpresa, portanto, quando ele assinou uma série de decretos relacionados à fronteira, incluindo o “realinhamento” do Programa de Admissão de Refugiados, a designação de cartéis de drogas como organizações terroristas estrangeiras, a declaração de emergência nacional na fronteira sul e o fim da cidadania automática para crianças nascidas nos Estados Unidos filhas de pais estrangeiros sem status legal — medida que foi suspensa temporariamente na quinta-feira por um juiz de Seattle.
Este foi o primeiro revés de Trump na Justiça desde que retornou à Casa Branca e ocorreu após 22 estados entrarem com processos contra a mudança.
O republicano ainda encerrou o uso do aplicativo CBP One, que buscava facilitar a imigração regular a requerentes de asilo. Funcionários do Departamento de Segurança Interna citaram o aplicativo como uma ferramenta criada para ajudar a reduzir as travessias de migrantes ao fornecer uma maneira ordenada de inscrever suas solicitações. Com ele encerrado e as restrições de asilo em vigor, a fronteira também passa a estar efetivamente fechada para solicitantes de asilo. Agendamentos que já estavam marcados pela plataforma foram cancelados.
As medidas foram tomadas mesmo com os últimos meses da administração Biden registrando os menores números de travessias ilegais na fronteira em quatro anos.
Em dezembro, o último mês completo do governo democrata, a Patrulha de Fronteira americana registrou a detenção de 47,3 mil migrantes na fronteira, segundo o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP). Em dezembro de 2020, no último mês completo do primeiro mandato de Trump, as travessias ilegais giravam em torno de 71 mil.
Trump também removeu a liderança da agência do Departamento de Justiça que inspeciona os tribunais de imigração do país, segundo uma fonte ouvida pela CNN americana.
O Escritório Executivo de Revisão de Imigração (EOIR, em inglês) supervisiona o sistema de tribunais de imigração do país, onde juízes de imigração decidem se os imigrantes podem permanecer nos EUA ou se devem ser deportados. Com servidores públicos de carreira na mira, a medida ilustra o impulso de Trump de admitir funcionários alinhados com sua visão política.