EUA

EUA comparece às urnas para eleições cruciais de meio de mandato

As eleições de meio de mandato sempre são consideradas um referendo sobre o governo em vigor

Eleições de meio de mandato nos Estados UnidosEleições de meio de mandato nos Estados Unidos - Foto: Jeff Kowalsky / AFP

Os americanos começaram a votar nesta terça-feira (8) para eleições cruciais de meio de mandato, nas quais estão em disputa as maiorias na Câmara de Representantes e no Senado, o que determinará o nível de poder do presidente democrata Joe Biden durante os próximos dois anos, assim como o futuro de Donald Trump.

Joe Biden fez um apelo para que o país "defenda a democracia", pouco antes de seu antecessor republicano divulgar que fará um "grande anúncio" na próxima semana. Muitos analistas acreditam que será uma nova candidatura à Casa Branca.

"Nossa democracia está em perigo", advertiu o presidente, de 79 anos, durante o comício de fim de campanha em Maryland, na segunda-feira à noite.

Os locais de votação abriram as portas às 6h (8h de Brasília). As eleições nacionais nos Estados Unidos acontecem, como determina a tradição, na terça-feira posterior à primeira segunda-feira do mês de novembro.

As "midterms" definirão toda Câmara de Representantes, um terço do Senado, vários governos estaduais e importantes cargos locais. Também acontecem referendos sobre o direito ao aborto em quatro estados: Califórnia, Vermont, Kentucky e Michigan.

Depois de uma campanha difícil que teve a inflação como tema central, os republicanos acreditam que retomarão a maioria no Congresso.

"Se você deseja um fim à destruição do nosso país e salvar o sonho americano, deve votar nos republicanos", afirmou Trump, onipresente na campanha, durante um comício na segunda-feira em Ohio, um dos redutos industriais do país.

Diante de muitos simpatizantes, o bilionário de 76 anos afirmou que fará um "grande anúncio na terça-feira, 15 de novembro, em Mar-a-Lago", sua residência na Flórida, consciente de que uma vitória de republicanos que o apoiam nesta terça-feira pode representar o trampolim ideal para uma candidatura na eleição presidencial de 2024.

Voto punitivo 
Estas eleições de meio de mandato acontecem dois anos após as eleições presidenciais e equivalem, de certa forma, a um referendo sobre o ocupante da Casa Branca. Por isso, o partido do presidente raramente escapa do voto punitivo.

Biden tentou evitar isso apresentando-se como "o presidente da classe média", insistindo que reduziu a dívida estudantil, protegeu a saúde e investiu em infraestrutura e clima, mas seus esforços não parecem ter dado frutos.

De acordo com as pesquisas mais recentes, a oposição republicana tem chances de conquistar pelo menos de 10 a 25 cadeiras na Câmara dos Representantes, mais do que suficiente para garantir uma maioria. Há menos clareza sobre o destino do Senado, mas os republicanos também podem sair vitoriosos.

Privado da maioria, o presidente ficaria paralisado. Os republicanos adiantaram que planejam abrir investigações na Câmara sobre os negócios de seu filho Hunter, assim como de alguns de seus secretários.

Inflação
Organizadas dois anos após a disputa presidencial, as eleições de meio de mandato sempre são consideradas um referendo sobre o governo.

Poucas vezes o partido do presidente em exercício escapa do voto de castigo. Os democratas tentaram atrair o voto da esquerda e do centro até o fim da campanha, alegando que a oposição republicana é uma ameaça para a democracia e para as conquistas sociais, como o direito ao aborto.

A inflação (8,2% em média) permanece, no entanto, como a principal preocupação dos americanos, e os esforços de Joe Biden para reivindicar o papel de "presidente da classe média" não parece ter dado resultados.

As pesquisas mais recentes indicam que a oposição republicana tem chances de conquistar de 10 a 25 cadeiras na Câmara de Representantes, resultado mais que suficiente para ter a maioria.

O cenário é menos definido para o Senado, mas os republicanos também têm possibilidades de conquistar a maioria.

Perder o controle nas duas Câmaras do Congresso teria graves consequências para o presidente democrata, que já declarou ter a "intenção" de disputar a reeleição em 2024.

Na segunda-feira, Biden afirmou que estava "otimista" com o resultado da eleição, mas admitiu que manter a maioria da Câmara de Representantes será "difícil".

Como sinal do interesse dos americanos nas eleições, mais de de 43 milhões de pessoas já haviam votado até segunda-feira à noite – de maneira antecipada, ou pelo correio.

Os resultados de algumas disputas mais acirradas podem demorar dias até o anúncio.

Duelos
Concretamente, as eleições de meio de mandato são definidas em alguns estados-chave, os mesmos da votação presidencial de 2020.

Todos os olhos estão voltados para a Pensilvânia, antigo reduto da indústria siderúrgica, onde o milionário cirurgião republicano Mehmet Oz, apoiado por Donald Trump, enfrenta o democrata John Fetterman, ex-prefeito de uma pequena cidade, pela cadeira mais disputada do Senado.

O resultado nesta eleição pode definir o equilíbrio de poder no Senado.

Assim como em 2020, a Geórgia também chama a atenção. O democrata Raphael Warnock, o primeiro senador negro eleito neste estado do sul com um forte passado segregacionista, tenta a reeleição contra Herschel Walker, afro-americano e ex-jogador de futebol americano, que tem o apoio de Trump.

Arizona, Ohio, Nevada, Wisconsin e Carolina do Norte do Norte também são cenários de disputas acirradas entre os democratas e os candidatos apoiados por Donald Trump, que juram lealdade absoluta ao ex-presidente.

As campanhas custaram centenas de milhões de dólares e transformaram estas eleições de meio de mandato nas mais caras da história dos Estados Unidos.

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