EUA "confia" que trégua em Gaza será iniciada sem prazo previsto
Está previsto que o governo de Israel se reúna nesta sexta-feira para votar o acordo
Os Estados Unidos afirmaram, nesta quinta-feira (16), que estão "confiantes" de que o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas terá início no domingo, apesar dos bombardeios israelenses nas últimas horas que deixaram ofertas de mortos e feridos na Faixa de Gaza.
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A trégua, anunciada pelos mediadores Catar e Estados Unidos na quarta-feira, entraria em vigor no domingo e envolveria a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, o que, uma vez concluída, encerraria a guerra de mais de 15 meses que deixou milhares de mortos em Gaza.
Segundo um alto funcionário israelense, está previsto que o governo de Israel se reúna nesta sexta-feira para votar o acordo, para que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu precise obter uma maioria, apesar da oposição de ministros de extrema direita.
Um deles, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, disse que vai renunciar se o governo adotar o acordo, que classificou de “irresponsável”, mas esclareceu que o seu partido, Poder Judaico, não deixaria a coalizão com Netanyahu.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, também se comprometeu publicamente ao acordo e o qualificou de “perigoso”.
Nesta quinta, o gabinete do primeiro-ministro israelense criticou o Hamas por “descumprir partes do acordo em uma tentativa de obter concessões de última hora”.
Por outro lado, o principal líder do Hamas, Sami Abu Zuhri, negociou essas acusações e garantiu que "não têm nenhum fundamento".
O braço armado do movimento islâmico também anunciou que "qualquer agressão e bombardeio" israelense contra a Faixa de Gaza poderá colocar os reféns em perigo.
Apesar do desentendimento, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarou que “confia” que o acordo terá início no prazo previsto. "Confio e espero plenamente que a implementação tenha início [...] no domingo", garantiu ele nesta quinta-feira.
O Egito, um dos mediadores do conflito ao lado dos Estados Unidos e do Catar, pediu que o acordo fosse colocado na prática "o quanto antes".
Em Gaza, a Defesa Civil disse que Israel bombardeou várias áreas do território palestino desde o anúncio do acordo, matando pelo menos 73 pessoas e ferindo centenas.
Segundo o Exército israelense, "cerca de 50 alvos terroristas" foram atacados em "toda" a Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.
Após mais de um ano de impasse, as negociações indiretas entre Israel e o Hamas aceleraram nos últimos dias antes que o presidente americano Joe Biden fosse derrotado pelo republicano Donald Trump na segunda-feira.
Apesar disso, os “detalhes finais” do acordo ainda estão sendo fechados, afirmou o gabinete de Netanyahu.
Vários países e organizações acolheram o pacto, que foi comemorado na Faixa de Gaza devastada pela guerra que eclodiu em 7 de outubro de 2023, após um ataque sangrento do Hamas a Israel que deixou 1.210 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Os comandos islâmicos também levaram 251 reféns para Gaza, alguns deles já mortos. O Exército israelense afirma que 94 seguidores em cativeiro, dos quais 34 estariam sem vida.
Em resposta ao ataque, Israel lançou uma campanha de retaliação que já deixou ao menos 46.788 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde administrados pelo Hamas, os quais a ONU considera confiáveis.
Sentimentos mistos
Comemorou Houve em Israel e Gaza, mas também angústia. O morador da Cidade de Gaza, Fadl Naeem, disse à AFP que se sentia "muito feliz, mas, ao mesmo tempo, [sentia] uma profunda tristeza". “Perdemos netos, pais, irmãos, primos, vizinhos e nossas casas”, disse.
Em Tel Aviv, o aposentado Simon Patya disse que sentiu "grande alegria" porque algumas referências vão retornar vivos, mas também "grande tristeza por aqueles que vão voltar dentro de sacos".
Os principais pontos do acordo foram revelados pelo primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, e por Joe Biden.
O acordo prevê uma primeira fase de seis semanas, que começa no domingo, na qual um cessar-fogo será implementado, 33 reféns serão libertadores e as tropas israelenses vão se retirar das áreas densamente povoadas.
Futuro político incerto
Uma segunda fase, ainda em negociação, envolve a libertação dos demais reféns e a retirada das tropas israelenses, disse Biden.
A terceira e última etapa se concentrará na sobrevivência do território palestino devastado e na devolução dos corpos dos reféns mortos.
O primeiro-ministro do Catar explicou que um mecanismo de monitoramento administrado por Egito, Catar e Estados Unidos será criado no Cairo para garantir o cumprimento do pacto.
O acordo não resolve o suspense em torno do futuro político deste território de 2,4 milhões de habitantes, governado desde 2007 por um Hamas hoje muito enfraquecido.
Israel se opõe a qualquer administração futura do Hamas ou da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia com poderes limitados, enquanto os palestinos rejeitam qualquer interferência estrangeira.