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Acordo

EUA deporta 265 guatemaltecos e anuncia acordo com México sobre expulsões

Governo mexicano não confirmou o tratado com a gestão Trump, mas anunciou que estava disposto a cooperar com seu vizinho para receber os cidadãos

EUA deporta 265 guatemaltecos e anuncia acordo com México sobre expulsõesEUA deporta 265 guatemaltecos e anuncia acordo com México sobre expulsões - Foto: Instituto Guatemalteco de Migração

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Um total de 265 guatemaltecos chegaram nesta sexta-feira (24) ao país de origem, deportados pelos Estados Unidos (EUA), em meio ao início da ofensiva contra a migração irregular da administração de Donald Trump, que anunciou um acordo com o México para essas expulsões.

O governo mexicano não confirmou um tratado com os Estados Unidos, mas anunciou que estava disposto a cooperar com seu vizinho para receber seus cidadãos deportados.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi mais além ao afirmar na rede social X que o México aceitou, na quinta-feira, "um recorde de quatro voos de deportação em um único dia".

No entanto, o México não confirmou nem a chegada de aeronaves nem qualquer acordo para receber um número determinado de aviões com deportados. Com a concretização das ameaças de Trump, dois aviões militares e um particular aterrissaram na sexta-feira na Guatemala.

Ao todo, 80 guatemaltecos (31 mulheres, 48 homens e um adolescente) chegaram no primeiro voo, informou o Instituto Guatemalteco de Migração. Em uma segunda aeronave, desembarcaram 17 homens e 63 mulheres. Um terceiro voo particular transportava 11 mulheres, 89 homens e cinco menores.

"Durante a noite, dois aviões do Departamento de Defesa realizaram voos de repatriação dos Estados Unidos para a Guatemala", confirmou o Pentágono.

Nem o governo dos Estados Unidos nem o da Guatemala precisaram se há no grupo alguns dos 538 "imigrantes irregulares" cuja prisão foi anunciada pela Casa Branca na noite de quinta-feira.

Os deportados foram levados ao Centro de Recepção de Repatriados, localizado na base aérea, perto do aeroporto internacional da Cidade da Guatemala, onde receberam uma visita da vice-presidente Karin Herrera em um evento sem acesso à imprensa.

México 

Trump prometeu agir contra a imigração irregular durante sua campanha e, após assumir a presidência na segunda-feira passada, declarou estado de emergência nacional na fronteira com o México e assinou uma série de decretos migratórios.

"Sempre aceitaremos a chegada de mexicanas e mexicanos em nosso território com os braços abertos", indicou na sexta-feira a Secretaria das Relações Exteriores mexicana em um comunicado.

No entanto, a chancelaria não confirmou a chegada de voos de deportação, e veículos de comunicação dos Estados Unidos afirmaram na sexta-feira, citando fontes oficiais, que o México negou na véspera o acesso a um avião militar americano com deportados.

"O México tem uma excelente relação com o governo dos Estados Unidos e cooperamos com respeito às nossas soberanias em uma ampla gama de temas, incluindo a migração", disse a secretaria na declaração.

Medida

Leavitt afirmou que o acordo com o México para receber os voos de deportação "se soma às devoluções sem restrições na fronteira por terra, a deportação de não mexicanos e a reativação do programa 'Fique no México'."

Essa medida prevê que os migrantes aguardem no território mexicano a resolução de seus pedidos de asilo.

Além disso, a assessoria de imprensa de Trump afirmou que o governo mexicano "também mobilizou" 30.000 guardas nacionais para a fronteira.

O comunicado da chancelaria também não menciona esse deslocamento nem os deportados estrangeiros, embora a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, tenha dito nesta semana que está disposta a oferecer assistência humanitária e coordenar a repatriação com os países de origem.

Na Cidade do México, imigrantes construíram cidades de tendas e dormiram nas ruas, o que causa protestos na cidade, aponta o periódico The Wall Street Journal.

Temístocles Villanueva, o principal funcionário de imigração da cidade, disse ao jornal que cerca de 1.700 imigrantes estão vivendo nas ruas ou em acampamentos informais na capital do México.

Golpe econômico

Trump demonizou os migrantes durante sua campanha, descrevendo-os como "selvagens", "animais" ou "criminosos", e prometeu a maior campanha de deportação da história dos Estados Unidos, um país onde se estima que vivam cerca de 11 milhões de pessoas em situação irregular.

A cada ano, dezenas de milhares de centro-americanos, principalmente guatemaltecos, hondurenhos e salvadorenhos, abandonam seus países rumo aos EUA, fugindo da pobreza e da violência.

Uma deportação em massa preocupa os governos da América Central. As remessas enviadas pelos migrantes representam cerca de 25% do produto interno bruto (PIB) em Honduras, El Salvador, Nicarágua e Guatemala, de acordo com os bancos centrais.

O governo da Guatemala anunciou que preparou um plano para receber os deportados, com a criação de abrigos e programas de reintegração no mercado de trabalho, entre outras ações.

A migração, assim como a ameaça de Trump de retomar o controle do canal do Panamá, estão no centro da visita à América Central, no fim da próxima semana, do secretário de Estado Marco Rubio, naquela que será sua primeira viagem ao exterior como chefe da diplomacia dos Estados Unidos.

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