EUA: dialogar com a China é essencial para reduzir as chances de conflito
A tensão entre Washington e Pequim aumentou nos últimos meses devido a questões com Taiwan e o balão espião chinês
O diálogo entre os Estados Unidos e a China "é essencial" para evitar erros de cálculo que podem levar a um conflito, disse o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, neste sábado (3) em Singapura.
O governo americano havia proposto uma reunião formal entre Austin e seu homólogo chinês, Li Shangfu, durante o fórum de Defesa 'Shangri-La Dialogue' na cidade-Estado, mas Pequim competiu o convite.
Os dois secretários apertaram as mãos e se falaram brevemente pela primeira vez no jantar de abertura da reunião em Singapura, mas a interação ficou aquém da espera do Pentágono.
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A tensão entre Washington e Pequim aumentou nos últimos meses devido a questões como Taiwan e um claro balão espião chinês abatido por um avião de guerra americano após passar pelos Estados Unidos.
O chefe da Defesa americana faz um giro pela Ásia que já o levou ao Japão e incluirá uma visita à Índia, parte de um esforço das autoridades americanas para consolidar alianças e parcerias na região com o objetivo de enfrentar Pequim.
“Os Estados Unidos acreditam que as linhas abertas de comunicação com a China são essenciais, principalmente entre nossas defesas e líderes militares”, disse Austin na reunião de cúpula. "Quanto mais nos falamos, mais podemos evitar mal-entendidos e erros de cálculo que podem levar a crises ou conflitos".
A chinesa chorou de maneira imediata por meio do coronel Tang Hefei, porta-voz do ministério da Defesa, que alegou que o chefe do Pentágono "fez várias falsas emoções" durante o discurso.
"Somos contrários a isto", disse Tang à imprensa em Singapura.
Outro membro da chinesa, o coronel Zhao Xiaozhuo, disse que Pequim também considera essencial manter as linhas de comunicação, mas acrescentou que "o problema é que os Estados Unidos devem parar de provocar a segurança da China".
E também destacou que uma das "condições para um diálogo real" é a retirada por parte de Washington das impostas contra Li Shangfu em 2018 por comprar armamento da Rússia.
Informação compartilhada
O governo dos Estados Unidos afirma que não impedem que Austin aborde questões oficiais com Li Shangfu.
O chefe do Pentágono declarou estar "profundamente preocupado com o fato de (a China) não querer se envolver de maneira mais passiva em manobra de gestão de crises melhores entre os dois exércitos".
Austin criticou Pequim por pilotar "um número alarmante de interceptações arriscadas de aeronaves americanas e aliadas que sobrevoaram legalmente o espaço aéreo internacional".
Um dos incidentes aconteceu na semana passada, quando, de acordo com as Forças Armadas dos Estados Unidos, uma caça chinesa fez "uma manobra desnecessariamente agressiva" perto de uma aeronave de vigilância americana que operava no Mar da China Meridional.
A China respondeu que o avião americano invadiu uma área de treinamento militar.
Ainda no fórum de Singapura, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul anunciaram neste sábado que compartilharão informações sobre os lançamentos de mísseis norte-coreanos.
As três partes aceitaram em um comunicado "os esforços trilaterais para ativar um mecanismo de troca de dados em tempo real com o objetivo de melhorar a capacidade de cada país para detectar e avaliar os mísseis lançados" pela Coreia do Norte.
O anúncio acontece após a tentativa frustrada da Coreia do Norte de lançar uma espião de satélite na quarta-feira. O dispositivo caiu no mar após um problema no foguete.