EUA diz que desativou programa-espião russo usado por duas décadas
A informação foi dada pelo Departamento de Justiça do país
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou, nesta terça-feira (9), que desativou um "sofisticado" sistema de espionagem utilizado há duas décadas pela agência de Inteligência russa, a FSB, em 50 países, incluindo um aliado da Otan.
A FSB havia inserido com sucesso o programa malicioso Snake ou Uróboros em sistemas de computador em todo o mundo, focando em redes governamentais, sistemas de pesquisa e jornalistas, de acordo com autoridades americanas.
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Em uma operação que levou anos, o FBI conseguiu derrotar o Snake ao inserir seu próprio código de computador nele e fazê-lo emitir comandos que fizeram com que o sotware malicioso fosse sobrescrito, levando à sua neutralização, explicou o Departamento de Justiça.
"Por meio de uma operação de alta tecnologia, que voltou este programa malicioso russo contra si mesmo, as forças da ordem americana neutralizaram uma das ferramentas de ciberespionagem russas mais sofisticadas", disse a vice-secretária de Justiça, Lisa Monaco, em um comunicado.
Os especialistas em segurança da informação conhecem o malware há pelo menos uma década, e a Cisa, a agência de defesa cibernética dos Estados Unidos, afirmou que a FSB começou a desenvolvê-lo em 2003.
Segundo a Cisa, o Snake é "a ferramenta de espionagem cibernética mais sofisticada no arsenal da FSB", particularmente sigilosa, extremamente difícil de detectar nos sistemas de computador e no tráfego de rede.
Além disso, tinha "surpreendentemente poucos erros dada a sua complexidade", apontou a agência.
Esses aspectos permitiram que a FSB trabalhasse sem ser detectada por anos através de redes em expansão e acessasse computadores com documentos confidenciais.
Em ao menos um caso, o Snake foi inserido nos sistemas de um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não identificado, permitindo à inteligência russa acessar e filtrar documentos confidenciais de relações internacionais e comunicações diplomáticas, informou a Cisa.
"A efetividade deste tipo de implante de espionagem cibernética depende completamente de sua discrição a longo prazo", acrescentou.