EUA diz que "nada sugere" que Irã vá melhorar tratamento das mulheres
Declaração foi feita após procurador-geral iraniano anunciar a dissolução da polícia da moralidade, devido a vários protestos que duraram três meses no país
Os Estados Unidos dissera, nesta segunda-feira (5), que “nada sugere” que o Irã esteja melhorando o tratamento dispensado às mulheres desde que o procurador-geral iraniano anunciou a dissolução da polícia da moralidade, após três meses de protestos contra as estritas normas do regime.
"Lamentavelmente, nada do que vimos sugere que os governantes do Irã estejam melhorando a forma como tratam as mulheres e meninas ou acabando com a violência contra os manifestantes pacíficos”, declarou um porta-voz do Departamento de Estado, se negando a comentar sobre “afirmações ambíguas e vagas das autoridades iranianas”.
O Irã vive um dos protestos mais importantes desde a Revolução Islâmica de 1979, desencadeados pela morte em 16 de setembro de Masha Amini, uma jovem de origem curda de 22 anos detida pela polícia da moralidade.
O procurador-geral do Irã, Hojatolislam Mohammad Jafar Montazari, foi citado no fim de semana dizendo que essa polícia havia sido extinta, mas ativistas manifestaram dúvidas de que alguma mudança significativa ocorreria e o governo de Teerã não confirmou a medida.
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Mais tarde, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao ser questionado, saudou os “incrivelmente valentes” manifestantes e disse que os relatos sobre a polícia da moralidade não estavam claros.
“Não sei onde vai chegar isso exatamente, mas o fundamental é que se trata das aspirações do povo iraniano”, afirmou Blinken à imprensa durante conversas comerciais com a União Europeia nos subúrbios de Maryland, em Washington.
“Trata-se de se o regime as considerará e agirá de acordo ou não. Mas os esforços para reprimir, usar violência, deter as pessoas; isso não é sinal de força, é sinal de fraqueza”, disse ele.
Washington criticou várias vezes o Irã por seu histórico com relação aos direitos das mulheres e a repressão de protestos por parte das autoridades.
No início de novembro, a vice-presidente Kamala Harris havia dito que os Estados Unidos buscariam junto com outras nações expulsar o Irã da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher das Nações Unidas (UNCSW, na sigla em inglês).
O Irã, governado por clérigos muçulmanos xiitas, foi eleito para integrar a UNCSW até 2026. Os EUA seguirão como membros durante 2023.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, reiterou o chamado de Harris no domingo: “retirar o Irã da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher é o correto”, tuitou.
Espera-se que o Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC), de 54 membros, vote na próxima semana sobre a continuidade da república islâmica na comissão.
O Irã acusa os Estados Unidos de pressionar os países antes da votação.
Nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani, disse que Washington estava tentando expulsar o Irã “com a ajuda de certos países europeus”, classificando isso como “ilegal”.