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Gaza

EUA e Catar anunciam novas conversas sobre cessar-fogo em Gaza; cinco soldados de Israel morrem

Representantes se encontrarão em Doha no domingo, mas postura do Hamas ainda é uma incógnita; conferência levanta US$ 1 bilhão para o governo libanês

Faixa de Gaza Faixa de Gaza  - Foto: Bashar Taleb/AFP

Representantes dos EUA e do Catar confirmaram uma nova rodada de conversas para tentar retomar as negociações sobre um cessar-fogo em Gaza, além do retorno dos reféns capturados pelo grupo terrorista Hamas em outubro do ano passado.

O anúncio vem em meio a críticas à operação de Israel no norte do enclave, e ao anúncio de novas baixas de militares de Israel no Líbano, onde os combates prosseguem sem fim à vista.

Ao lado do premier do Catar, Mohammed bin Abdelrahmane Al Thani, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que os negociadores devem retornar ao Catar “nos próximos dias”, em busca de um plano "para que Israel possa retirar-se [de Gaza], para que o Hamas não possa se reconstituir e para que o povo palestino possa reconstruir as suas vidas e o seu futuro".

Segundo al-Thani, está previsto um encontro preliminar no domingo entre ele, o chefe da CIA, a principal agência de inteligência dos EUA, Bill Burns, e o diretor do Mossad, David Barnea.

Ele afirmou que sobre a mesa estarão ideias para uma nova proposta, seguindo os parâmetros do que já vinha sendo discutido até agosto, quando o diálogo foi suspenso.

“Na reunião, as partes discutirão as várias opções para avançar nas negociações para a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, no contexto dos desenvolvimentos recentes”, disse o comunicado do gabinete do premier catari.

Desde a confirmação da morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, na semana passada, os EUA veem a perspectiva de um cessar-fogo mais próxima, por considerarem que ele “era o maior obstáculo para a conclusão de um acordo”.

Sinwar era visto como mais pragmático que outros negociadores, como Ismail Haniyeh, chefe da ala política do grupo assassinado por Israel em julho, e menos afeito a realizar concessões.

Mas entre uma percepção em Washington e a realidade da mesa de negociações em Doha há um mundo de distância.

Ainda não se tem certeza, por exemplo, de quem falará pelo Hamas — nos bastidores, o nome mais provável é o de Khalil al-Hayya, que já conduzia as conversas indiretas, que está baseado no Catar e que chegou a ser ventilado como possível novo líder do grupo. Tampouco se sabe se o Hamas estará mais apto ao diálogo.

"Ainda não determinamos realmente se o Hamas está preparado para se envolver ", disse Blinken, em entrevista coletiva. 

Al-Thani, por sua vez, disse que retomou o contato com o Hamas nos últimos dias através dos contatos em Doha, mas sentiu que o grupo mantém “a mesma posição” dos últimos meses, que contribuiu para o fracasso das negociações.

Ele mencionou que o Egito, outro país a participar das conversas sobre Gaza, mantém discussões paralelas com o grupo, mas sem detalhá-las — em comunicado, o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, sugeriu que a iniciativa egípcia teria como objetivo, além do cessar-fogo, o retorno dos cerca de 100 reféns que ainda estão no enclave palestino.

Apesar de manter o apoio político e militar a Israel, o governo americano t em demonstrado insatisfação com ações israelenses no norte de Gaza, incluindo um plano estabelecer uma presença militar — na terça-feira, Blinken pressionou Netanyahu para que negasse publicamente a ideia, algo que o premier não fez.

Nesta quinta-feira, o secretário de Estado argumentou que Israel atingiu seu objetivo estratégico: desmantelar o Hamas e garantir que os ataques de outubro do ano passado jamais se repitam.

Pouco depois do anúncio da reunião de domingo, o Hamas afirmou a representantes do Egito no Cairo “sua disposição para interromper os combates, mas desde que Israel se comprometa com um cessar-fogo, com a retirada da Faixa de Gaza, com o retorno dos deslocados, aceitar um acordo sério de troca de prisioneiros e permitir a entrada de ajuda humanitária”.

As informações foram reveladas à AFP por um representante do Hamas.

Outro representante do grupo, Moussa Abu Marzouk, disse à agência RIA que, caso um cessar-fogo seja obtido, dois reféns de origem russa estariam entre os primeiros a ser libertados.

Ele ainda pressionou o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, a iniciar negociações sobre um governo de união nacional — Israel e EUA rejeitam qualquer participação do grupo em uma futura administração de Gaza.

Em outra frente, no Líbano, Israel confirmou a morte de mais cinco soldados em combates no sul do país, em meio à ofensiva terrestre que acompanha os intensos bombardeios iniciados há cerca de um mês. Segundo a AFP, 27 militares de Israel morreram desde o fim de setembro, quando começaram as incursões contra posições do Hezbollah perto da fronteira.

Nesta quinta-feira, o chefe do Estado-Maior de Israel, Herzi Halevi, afirmou que existe a possibilidade de uma “conclusão sucinta” do conflito no Líbano, e que “já desmantelou a rede de comando” do Hezbollah.

Analistas viram na fala uma sinalização de que, caso um cessar-fogo em Gaza seja obtido, um acerto semelhante poderia ocorrer logo em seguida no Líbano, mas ainda não há garantias de como e se um plano do tipo poderia ser implementado.

Em Paris, uma conferência internacional liderada pela França conseguiu levantar cerca de US$ 1 bilhão (R$ 5,67 bilhões) em apoio para o governo libanês, na forma de ajuda humanitária e militar.

Segundo as Nações Unidas, as necessidades urgentes do país, que já enfrentava uma série de crises antes do início da guerra, somam US$ 426 milhões (R$ 2,41bilhões), e estimativas independentes afirmam que a reconstrução pode superar os US$ 25 bilhões (R$ 141,68 bilhões).

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