Guerra no oriente médio

EUA e Israel avaliam enviar forças de manutenção da paz a Gaza com eventual derrota do Hamas

Opções ainda incipientes ainda envolvem o controle da região por forças multinacionais com envio de tropas americanas e a supervisão temporária pelas Nações Unidas

Veículos blindados e tanques militares israelenses na fronteira de Israel com GazaVeículos blindados e tanques militares israelenses na fronteira de Israel com Gaza - Foto: Aris Messinis/AFP

Com eventual derrota do Hamas, os Estados Unidos e Israel costuram possibilidades para o futuro da Faixa de Gaza, que incluem o controle da região por forças multinacionais, o estabelecimento de força de manutenção da paz e até uma supervisão temporária pelas Nações Unidas. O debate sobre a região, controlada pelo grupo terrorista desde 2007, avançou nos últimos dias, com a intensificação das incursões terrestres por forças israelenses, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

As conversas, porém, ainda estão em estágio inicial, e autoridades americanas avaliam que as opções são prematuras e improváveis, especialmente o envio de tropas dos EUA para a região como parte de uma força de manutenção da paz. De acordo com a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Adrienne Watson, o movimento "não é algo que está sendo considerado ou discutido" internamente. Procurado, o Departamento de Estado não quis comentar.

No entanto, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou nesta terça-feira, em painel no Senado, que o país vinha estudando uma série de soluções para Gaza em uma eventual derrota do Hamas na guerra.

— Não podemos voltar ao status quo com o Hamas governando Gaza — disse Blinken, que vai a Israel nesta sexta-feira. — Mas também não podemos ter — e os próprios israelenses que começaram com essa proposta — de Israel governar ou controlar Gaza. Entre esses cardumes, há uma variedade de permutações possíveis que ainda precisamos analisar com muita atenção, assim como outros países.

Autoridades israelenses, por outro lado, afirmaram que não pretendem ocupar Gaza, enquanto voltam a afirmar que é inaceitável que o Hamas continue a comandar a região. A Autoridade Palestina, que governa parte da Cisjordânia, também não vem demonstrando interesse em assumir o controle de Gaza, mas Blinken defende que a entidade faça parte de uma solução a longo prazo.

O conselheiro de política externa do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, Ophir Falk, afirmou que, antes de discutir qualquer alternativa, o principal é "destruir" o Hamas:

— Foram levantadas várias opções para o dia seguinte à derrota do Hamas. A condição prévia para todas elas é que o Hamas seja destruído. Todas as opções discutidas se baseiam na premissa de que Gaza será desmilitarizada.

Perigo político
Todas as opções levantadas nos bastidores, porém, representam um perigo político para o presidente americano Joe Biden e para outros países, em especial na região do Golfo. O chefe de Estado dos EUA acredita que deslocar um quantitativo de militares a uma zona de perigo pode ser politicamente arriscado, de acordo com uma fonte próxima ao político. Ainda não teria interesse por parte dos Estados árabes, disse outra fonte.

A estratégia mais recente adotada por Biden e seu entorno sobre a guerra entre Israel e Hamas envolve a criação de um Estado palestino. No entanto, a forma para se chegar a essa conclusão tão tem sido alvo de discussões por parte do líder americano. Israel, por outro lado, fala em operação militar por tempo indeterminado, podendo resultar em uma zona tampão ao redor de Gaza.

Uma das opções aventadas para o futuro da região seria conceder a supervisão temporária de Gaza a países da região com o apoio de tropas de EUA, Reino Unido, Alemanha e França. De acordo com quem acompanha as tratativas, há interesse em incluir representantes de países árabes como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Já a criação de uma força de manutenção da paz, inspirada na Força Multinacional e grupo de observadores adotada no acordo de paz entre Israel e Egito, em 1979 — eles atuam na península do Sinai e em suas imediações, região disputada em guerra entre as duas nações. Para uma pessoa próxima ao governo de Netanyahu, essa é uma possibilidade bem vista por Israel.

A terceira possibilidade, de um governo temporário na faixa sob a tutela das Nações Unidas, pode trazer mais legitimidade para a região, mas vem sendo rejeitada por Israel. Na avaliação que pessoas familiarizadas com o pensamento israelense, Israel afirma que pouco de bom resultou desse organismo internacional.

Grupos externos ao conflito também vêm se articulando para apresentar alternativas de governância da região, como é o caso do Washington Institute for Near East Policy. Eles defendem a criação de uma administração interina palestina, com o apoio do Acnur, para continuar a fornecer alimentos, saúde e educação.

"A segurança pública e a aplicação da lei poderiam ser dirigidas por um consórcio dos cinco Estados árabes que chegaram a acordos de paz com Israel - Egipto, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos. Só estes Estados árabes teriam a confiança de Israel, o que é essencial para que este esforço seja bem sucedido", escreveram os acadêmicos do Instituto de Washington, em nota publicada em 17 de outubro.

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