EUA e mais 60 países fazem apelo para que afegãos possam sair do país após retorno do Taleban
Governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente
Os Estados Unidos e mais 60 países aliados fizeram um apelo para que cidadãos afegãos e estrangeiros possam sair do Afeganistão se assim o desejarem, disse na noite deste domingo (15) o Departamento de Estado americano.
O comunicado, assinado por aliados americanos como Austrália, França, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e Qatar, é a primeira grande manifestação multilateral sobre a situação no Afeganistão desde que o Taleban tomou o controle da capital, Cabul, mais cedo no domingo, pondo fim a 20 anos de ocupação militar liderada pelos Estados Unidos.
"O povo afegão merece viver com segurança e dignidade. Nós na comunidade internacional estamos prontos para assisti-los", diz o documento. Também pede que fronteiras terrestres e aeroportos permaneçam abertos.
No momento em que o texto foi divulgado, governos estrangeiros realizavam operações de emergência para retirar diplomatas, civis e militares em segurança após o colapso da administração do presidente Ashraf Ghani, que fugiu do país no domingo diante do avanço do Taleban.
A maior parte dos diplomatas de países do Ocidente já haviam deixado Cabul no domingo à noite, disse um funcionário americano à agência de notícias Reuters.
Enquanto isso, uma multidão ocupava a pista do aeroporto de Cabul na tentativa de sair do país após a tomada do poder pelos talebans. Muitos temem que o grupo islâmico fundamentalista persiga colaboradores do antigo governo e oprima mulheres e minorias étnicas.
Tropas dos Estados Unidos protegiam o aeroporto de Cabul, de acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. Ele também disse que o pessoal americano remanescente havia sido evacuado da embaixada e estava nas dependências do aeroporto.
Até o fim do dia, nenhum governo estrangeiro havia reconhecido oficialmente os novos donos do poder em Cabul.
Por outro lado, o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, disse que nenhum país deveria reconhecer o regime do Taleban.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu ao Taleban o máximo de contenção para proteger vidas e demonstrou preocupação com o futuro das mulheres e meninas no Afeganistão.
"Todos os abusos devem parar. Ele apela ao Taleban e a todas as outras partes para garantir que os direitos e liberdades de todas as pessoas sejam respeitados e protegidos", disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, em um comunicado.
O grupo extremista governou o Afeganistão de 1996 até 2001, quando foi expulso do poder pela coalizão militar liderada pelos Estados Unidos sob a acusação de abrigar os terroristas da Al Qaeda responsáveis pelos ataques do 11 de Setembro.
Depois de 20 anos de ocupação militar e combate ao Taleban, o governo americano decidiu pôr fim à sua presença no país.
O presidente Joe Biden pretendia completar a retirada das tropas no próximo dia 31, mas foi surpreendido por uma ofensiva fulminante lançada pelo Taleban há duas semanas.
Nesse curto período de tempo, os insurgentes tomaram o controle de várias capitais provinciais até conquistarem o poder em Cabul neste domingo.
As principais companhias aéreas estão redirecionando seus voos para evitar o espaço aéreo do Afeganistão. United Airlines, British Airways e Virgin Atlantic disseram que não estão usando o espaço aéreo do país.
Porta-voz da United disse que a mudança afeta vários voos da companhia aérea dos EUA para a Índia.
As companhias aéreas e os governos estão mais atentos aos riscos de sobrevoar zonas de conflito nos últimos anos, após dois incidentes envolvendo mísseis.
Um avião da Malaysia Airlines foi abatido no leste da Ucrânia em 2014, matando todas as 298 pessoas a bordo, e um jato da Ukraine International Airlines foi abatido pelos militares do Irã em 2020, matando os 176 passageiros e tripulantes.
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REPERCUSSÃO NO BRASIL
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a tomada do poder pelo Taleban no Afeganistão.
Já o PCO (Partido da Causa Operária) disse em publicação no Twitter neste domingo que a conquista da capital afegã pelo Taleban é "uma derrota histórica do imperialismo".
Mais cedo, no sábado (14), antes mesmo da queda do governo apoiado pelos EUA em Cabul, o partido havia dito na mesma rede social: "Ao bater em retirada, o imperialismo estadunidense revela a crise em que se encontra. Sem sombra de dúvida, o avanço do Taleban representa uma enorme vitória sobre os piores inimigos dos oprimidos de todo o planeta. Pelo fim das ocupações imperialistas!"