EUA e Rússia se culpam por agravamento da insegurança alimentar
Governo norte-americano pede que Rússia libere exportações de cereais ucranianos
Os Estados Unidos e a Rússia se culparam mutuamente nesta quinta-feira (19), no Conselho de Segurança da ONU, pelo agravamento da insegurança alimentar no mundo, e Washington pediu a Moscou que permita as exportações de grãos ucranianos bloqueados nos portos do Mar Negro.
"Parem de bloquear os portos do Mar Negro! Autorizem a livre circulação dos navios, trens e caminhões que transportam alimentos para fora da Ucrânia", pediu o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, em reunião do Conselho de Segurança convocada pelos Estados Unidos.
"Parem de ameaçar suspender as exportações de alimentos e fertilizantes para países que criticam a sua guerra de agressão", acrescentou. Segundo Blinken, "o Exército russo literalmente sequestrou o suprimento de alimentos de milhões de ucranianos e milhões de pessoas no mundo".
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O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, refutou categoricamente as acusações ocidentais, que consistem em "culpar a Rússia por todos os problemas do mundo", segundo ele. A crise alimentar mundial existe há tempos e suas causas profundas obedecem a uma "espiral inflacionária" alimentada pelo aumento dos custos dos seguros, fluxos logísticos difíceis e "especulações nos mercados ocidentais", disse o diplomata russo.
Os portos ucranianos estão bloqueados pela Ucrânia, pelas minas espalhadas pelo país ao longo da costa do Mar Negro e pela falta de vontade de cooperação de Kiev com os armadores para liberar dezenas de navios estrangeiros, acrescentou Nebenzia. O diplomata russo voltou a denunciar a imposição de sanções ocidentais contra o seu país, assegurando que suas consequências agravam a insegurança alimentar.
"As sanções não bloqueiam os portos do Mar Negro, não imobilizam os navios cheios de alimentos nem destroem as estradas e ferrovias ucranianas", afirmou Blinken. "As sanções não impedem a Rússia de exportar alimentos ou fertilizantes, uma vez que excluem deliberadamente os alimentos, fertilizantes e sementes procedentes da Rússia", ressaltou o secretário de Estado, para quem "a decisão de converter os alimentos em arma é apenas de Moscou".
Na véspera, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, havia pedido à Rússia para liberar as exportações de grãos ucranianos, e ao Ocidente, que permitisse a entrada de fertilizantes russos nos mercados internacionais.