Guerra na Ucrânia

EUA e Rússia trocam prisioneiros, mas diplomacia está em ponto morto

País realizam segunda troca de prisioneiros, mas têm poucas perspectivas de avanço diplomático

Putin e BidenPutin e Biden - Foto: Angela Weiss, Alexey Druzhinin / AFP

Os Estados Unidos e a Rússia voltaram a demonstrar que conseguem dialogar, ao concretizarem sua segunda troca de prisioneiros este ano, mas poucos esperam canais diplomáticos abertos entre Washington e Moscou sobre a guerra na Ucrânia.

Após a troca da jogadora de basquete americana Brittney Griner pelo traficante de armas russo Viktor Bout, funcionários americanos e russos se reuniram na sexta-feira, em Istambul, para discutir um "conjunto limitado de temas bilaterais", mas o conflito entre Moscou e Kiev não estava entre eles.

Em uma cena que lembrou a Guerra Fria, Griner, detida em fevereiro na Rússia por acusações leves de drogas, caminhou na quinta-feira pela pista do aeroporto de Abu Dhabi para embarcar em um avião que a levou de volta aos Estados Unidos.

Na direção contrária estava Bout, um traficante de armas russo, condenado a 25 anos de prisão nos Estados Unidos, após ter sido capturado em 2008 na Tailândia. Em seu retorno triunfal, ele disse que o Ocidente quer "destruir" seu país.

Ainda está preso na Rússia o ex-fuzileiro naval americano Paul Whelan, condenado por espionagem, o que a oposição republicana usa para criticar a troca negociada pelo governo do democrata Joe Biden, que assegura estar trabalhando para sua libertação.

O presidente russo, Vladimir Putin, parecia aberto à possibilidade de mais trocas de prisioneiros com os Estados Unidos, gerando especulações sobre quais russos seria libertados.

"Neste caso, chegamos a um compromisso e não nos negamos a continuar este trabalho no futuro", declarou Putin na sexta-feira, à margem de uma cúpula no Quirguistão.

Sobre o conflito na Ucrânia, invadida pela Rússia em 24 de fevereiro e cuja contraofensiva, com apoio militar do Ocidente, provocou a retirada de parte das tropas russas, Putin declarou: "em última instância, afinal será preciso chegar a um acordo".

Relações em estado "deplorável"
No entanto, não está na agenda de Washington manter conversas diretas com Moscou sobre a Ucrânia.

Biden não quer falar com o colega russo sobre uma possível solução diplomática para o conflito sem o aval de Kiev, que, sob bombardeio, se nega por enquanto a ouvir falar no assunto.

Mas Washington não se abstém de falar com Moscou sobre outros temas específicos e a troca de prisioneiros na quinta-feira é o segundo desde o início da guerra na Ucrânia: Trevor Reed, um ex-Marine condenado a nove anos de prisão na Rússia por violência, foi trocado em abril em Istambul pelo piloto russo Konstantin Yaroshenko.

Estas negociações não têm outro objetivo além de libertar cidadãos americanos, disse Will Pomeranz, diretor do Instituto Kennan no Wilson Center, grupo de especialistas com sede em Washington.

"Não acho que isto tenha o menor impacto nas relações entre a Rússia e os Estados Unidos", afirmou. "Encontram-se em um estado completamente deplorável e não acho que isso possa mudar a dinâmica".

"Nada menos"
Foi por canais secretos e com a ajuda dos Emirados Árabes Unidos que Moscou e Washington chegaram a um acordo sobre Griner e Bout.

A Turquia, sede dos diálogos entre os Estados Unidos e a Rússia na sexta-feira, tem, assim como os Emirados Árabes Unidos, uma aliança complexa com os Estados Unidos, ao se negar a tomar medidas para isolar Moscou no cenário internacional, servindo, assim, como plataforma para expatriados russos.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, tinha proposto a troca por Griner ao colega russo, Serguei Lavrov, em um telefonema em julho, a única conversa conhecida entre os dois desde o começo da guerra na Ucrânia.

Após a libertação da estrela do basquete, o secretário de Estado de Biden disse que Washington também se dispõe a colaborar com Moscou em temas muito específicos, como o controle de armas, mas que esta troca não indicava uma abertura diplomática maior.

"Trata-se de fazer com que os americanos detidos injustamente retornem às suas famílias", disse Blinken à CBS News. "Esse era o objetivo principal. Nada mais, nada menos".

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