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Justiça

EUA em suspense diante de possível indiciamento e detenção de Donald Trump

Ex presidente é acusado de ter comprado o silêncio, em 2016, de uma atriz pornô com quem teria tido uma relação

TrumpTrump - Foto: Ed Jones/ AFP

Os Estados Unidos estavam em suspense nesta segunda-feira (20), de olho no possível indiciamento de Donald Trump em Nova York por ter comprado o silêncio, em 2016, de uma atriz pornô com quem teria tido uma relação - uma “caça às bruxas” segundo o ex presidente, que convocou seus apoiadores a apoiá-lo.

Trump afirmou no sábado, por meio de sua rede social Truth Social, que será “detido” na terça-feira, uma bomba em plena pré-campanha para a indicação republicana a uma nova candidatura à Presidência americana.

O republicano incitou seus seguidores a se “manifestarem” em seu apoio. Está previsto para esta segunda um protesto “pacífico” às 18h (19h no horário de Brasília) no sul de Manhattan.

Mais de uma dúzia de agentes do Departamento de Polícia de Nova York se reuniram neste fim de semana com autoridades de Segurança do prefeito democrata Eric Adams, em antecipação aos protestos, de acordo com The New York Times.

Diante do temor por possíveis tensões, inclusive com violência, a polícia nova-iorquina respondeu à AFP que “seu estado de preparação é uma constante em todo momento e em todos os casos” e que está “coordenando” com o FBI (polícia federal americana) e a promotoria de Manhattan.

Para Trump, trata-se de uma “caça às bruxas”. Ele alega que o evento investigado prescreve em dois anos. “E o mais importante, NÃO FOI CRIME!”, escreveu nesta segunda-feira na Truth Social.

Caso complexo

O bilionário de 76 anos, que mudou de forma persistente o equilíbrio dos poderes nos EUA, voltou nesta segunda a atacar, por meio da Truth Social, a atuação do promotor Alvin Bragg, que chamou de “corrupta”. O magistrado negro e democrata foi eleito pela população, como todos os juízes e promotores no país.

A advogada de Trump, Susan Necheles, denunciou no sábado à AFP uma “perseguição política” contra seu cliente.

O caso de Stormy Daniels é juridicamente complexo. A Justiça tenta esclarecer se Trump é culpado de falso depoimento (uma infração) ou de infringir a lei de financiamento eleitoral (uma ofensa criminal) ao pagar 130 mil dólares a Stephanie Clifford, verdadeiro nome de Daniels, semanas antes das eleições de 2016, segundo a acusação.

Na semana passada, a investigação se acelerou. Michael Cohen, ex-advogado e agora inimigo do republicano, responsável por entregar o dinheiro a Daniels, e a atriz prestaram depoimento perante um grande júri, cujo veredito pode levar a uma acusação.

Trump também foi chamado a falar a esse júri. Outro de seus advogados disse que ele “compareceria” no caso de uma intimação do tribunal nova-iorquino.

“Os promotores quase nunca convidam o alvo da investigação a depor ante o grande júri a menos que tenha a intenção de acusá-lo”, explicou à AFP o ex-promotor e professor de direito Bennett Gershman.

De acordo com seu colega Renato Mariotti, é provável que, no caso de um indiciamento, Trump, que vive em sua mansão de Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, compareça voluntariamente ao tribunal de Manhattan.

Mas por razões de segurança e para evitar “um espetáculo”, é “provável que não chegue ao tribunal pela porta principal”, apontou Robert McDonald, professor de direito penal e ex-agente do Serviço Secreto, que protege os presidentes dos Estados Unidos.

O maior medo das autoridades é uma repetição do caos do ataque ao Capitólio, sede do Congresso em Washington, em 6 de janeiro de 2021, quando Trump incitou seus apoiadores a ignorar os resultados das urnas, que deram a vitória nas presidenciais do ano anterior ao democrata Joe Biden.

No domingo, vários caciques republicanos manifestaram apoio a Trump, em particular seu ex-vice-presidente, Mike Pence, que rompeu com o magnata em 2021, e com quem poderia competir nas primárias pela indicação republicana às eleições de 2024.

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