EUA gerou 353 mil oportunidades de emprego em janeiro, dobro do esperado
A taxa de desemprego se manteve em 3,7%, conforme o Departamento americano do Trabalho
O mercado de trabalho dos Estados Unidos superou as expectativas em janeiro, com uma significativa criação de empregos, apesar das altas taxas de juros, conforme os dados divulgados pelo governo nesta sexta-feira (2).
A resiliência do mercado de trabalho pode ser positiva para o presidente Joe Biden neste ano de campanha eleitoral, durante a qual concorrerá a um segundo mandato.
A maior economia do mundo criou 353.000 postos de trabalho no mês passado, em comparação com os 333.000 registrados em dezembro. Isto representa o dobro do esperado pelos analistas, que anteciparam 175.000 novos empregos, segundo o consenso do Briefing.com.
A taxa de desemprego se manteve em 3,7%, conforme o Departamento americano do Trabalho.
Os salários aumentaram mais do que o previsto, 0,6% em relação ao mês anterior. Comparado com o mesmo período do ano passado, o salário médio por hora cresceu 4,5%.
O setor de serviços profissionais e o empresarial foram os que mais geraram empregos, junto com o de saúde e o varejo. Já áreas como mineração e a indústria de extração de petróleo e gás, constataram diminuição de vagas, de acordo com as estatísticas oficiais.
Mercado de trabalho resiliente
No último ano, a solidez do mercado de trabalho ajudou a manter os gastos dos consumidores e o crescimento, apesar do alto custo dos empréstimos. O bom início deste ano sugere que o mercado de trabalho continuará impulsionando a economia.
O panorama se apresenta mais complicado para a Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), que tem tentado combater a inflação com aumentos das taxas de juro para aliviar a demanda.
Entre março de 2022 e julho de 2023, o Fed aumentou suas taxas 11 vezes com o objetivo de encarecer o crédito, o que freia o consumo e o investimento, mitigando as pressões sobre os preços. Neste ano, a instituição considera iniciar um ciclo de cortes.
Seu presidente, Jerome Powell, afirmou na quarta-feira (31) que os cortes começarão apenas quando houver "maior confiança" de que a inflação evolui de forma "sustentável" em direção ao seu objetivo de longo prazo de 2% ao ano.
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Embora Powell tenha dito à imprensa, na semana passada, que um crescimento forte e um mercado de trabalho robusto não significam, necessariamente, um problema para as autoridades monetárias, um setor muito aquecido pode dificultar o combate à inflação.
Sinais de preocupação
Por trás dos números positivos, porém, há "indicadores preocupantes de fraqueza", disse a economista-chefe da ZipRecruiter, Julia Pollak.
"A média de horas de trabalho semanais caiu até seu nível mais baixo desde a recessão da pandemia", afirmou em um comunicado.
As horas semanais caíram para 34,1, um mínimo desde 2010, excluindo-se o período pandêmico.
"Quando a demanda do consumidor diminui, as empresas normalmente cortam as horas dos trabalhadores, antes de cortarem sua força de trabalho. A leitura do dia hoje das horas de trabalho levanta um sinal de alerta para a economia de que pode haver novos cortes de empregos", acrescentou.
Ao mesmo tempo, os esforços para arrefecer a economia ainda podem sendo sentidos em alguns setores.
A consultoria North of Allianz Trade advertiu que os efeitos dos aumentos das taxas levam de "três a seis trimestres" para serem sentidos, e a última alta foi em julho do ano passado.
Os analistas estimam que os dados econômicos farão o Fed esperar até sua reunião de maio para começar a reduzir as taxas.
"Isso dependerá da queda contínua da inflação", disse o o economista-chefe Mike Fratantoni, da Mortgage Bankers Association.