EUA inclui em sua lista de distribuidores segurados de software espião israelense
Segundo a empresa de segurança cibernética Talos, a Intellexa e a Cytrox estão por trás do software de espionagem "Predator"
Os Estados Unidos incluíram nesta terça-feira (18) em sua lista de monitoramento quatro empresas controladas por Israel, cujo software de espionagem teria sido usado por diversos governos para hackear os telefones de opositores.
O Departamento de Comércio anunciou que as unidades da Intellexa sediadas na Grécia e na Irlanda, e as subsidiárias da Cytrox na Hungria e na Macedônia do Norte, foram incluídas em sua "Lista de Entidades", o que restringe severamente os negócios dos americanos com elas.
Segundo a empresa de segurança cibernética Talos, a Intellexa e a Cytrox estão por trás do software de espionagem "Predator". Ambas as empresas invadiram sistemas de computadores com esse programa, ameaçando a privacidade e a segurança de pessoas e organizações ao redor do mundo, alegou o Departamento de Comércio.
A medida aplicada pelo governo dos Estados Unidos ocorreu depois que ambas as empresas, chamadas de mercenárias da vigilância, foram acusadas de fornecer o software espião descoberto em telefones de opositores políticos em vários países.
De acordo com o Citizen Lab, um centro de pesquisa da Universidade de Toronto especializado em espionagem e uso de softwares espiões, o "Predator" foi usado para monitorar as comunicações do político dissidente egípcio e exilado Ayman Nour, além de vigiar um jornalista de televisão no Egito, cuja identidade foi mantida em anonimato.
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Enquanto isso, em janeiro, a Autoridade de Proteção de Dados da Grécia multou a Intellexa em 50 mil euros (cerca de R$ 286 mil reais, na cotação da época) por se recusar a cooperar com uma investigação sobre o uso do "Predator" para espionar líderes da oposição política grega, jornalistas, chefes militares e outras personalidades.
Em um relatório de 2021, o Citizen Lab apontou que a Cytrox e o "Predator" fazem parte da "Aliança Intellexa".
A Intellexa foi fundada por Tal Dilian, ex-oficial de inteligência das Forças de Defesa de Israel, que anteriormente esteve associado ao NSO Group, criador do spyware "Pegasus".
Segundo a Forbes, Dilian assumiu a Cytrox em 2019 para tornar a Intellexa uma "loja única" para serviços e produtos de pirataria e vigilância eletrônica.
Em comunicado, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que a inclusão na lista de vigilância das quatro empresas faz parte de um amplo esforço do governo dos Estados Unidos "para combater os riscos apresentados pelo software de espião comercial".
Esse tipo de programa de espionagem "representa riscos de segurança e contrainteligência diferentes e crescentes para os Estados Unidos, incluindo a segurança dos funcionários do governo dos Estados Unidos e suas famílias", afirmou.
Esse software também foi usado para repressão e abusos contra os direitos humanos, "incluindo intimidação de opositores políticos e depressão da dissidência", disse Blinken.