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CORONAVÍRUS

EUA inicia vacinação contra Covid-19. Na Europa, aumenta a preocupação

Sandra LindsaySandra Lindsay - Foto: Mark Lennihan - Pool/Getty Images/AFP Pool

Uma enfermeira de Nova York se tornou nesta segunda-feira (14) a primeira americana vacinada contra a covid-19, no início de uma campanha de imunização em massa na qual o país que superou os 300.000 mortos na pandemia deposita suas esperanças, enquanto na Europa há um aumento de contágios. 

Sandra Lindsay, enfermeira intensivista, recebeu a vacina diante das câmeras do Long Island Jewish Hospital, um grande centro médico localizado no bairro de Queens. 

"A primeira vacina foi aplicada. Parabéns aos Estados Unidos! Parabéns a todo o MUNDO!", escreveu o presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, no Twitter.

Pouco depois, o presidente eleito, Joe Biden - que assumirá o cargo em 20 de janeiro - também tuitou: "Mantenhamos a esperança, dias melhores virão". 

O início da vacinação ocorre seis dias depois de o Reino Unido se tornar o primeiro a autorizar o uso do imunizante dos laboratórios Pfizer/BioNTech.

Após a injeção, a enfermeira afirmou com um sorriso que estava "bem" e "aliviada", com uma sensação muito semelhante à aplicação de qualquer outra vacina. 

A campanha de vacinação nos Estados Unidos, que deve priorizar os profissionais de saúde, mais expostos ao vírus, e residentes em asilos, tem início em um momento em que a pandemia atinge fortemente o país. 

O gigante americano superou nesta segunda-feira a marca de 300 mil mortes, com mais de 16 milhões de casos.

Cerca de três milhões de doses devem ser distribuídas de hoje até quarta-feira, com o objetivo de vacinar 20 milhões de pessoas até o fim do ano e 100 milhões até o final de março.

A urgência é cada vez maior nos Estados Unidos: as infecções dispararam no país, com 1,1 milhão de novos casos confirmados nos últimos cinco dias.

"É a luz no fim do túnel, mas é um longo túnel", alertou o governador de Nova York, Andrew Cuomo, lembrando que levará "meses" até que uma massa crítica da população seja imunizada. 

"Minha principal preocupação é o nível de relutância" em relação à vacina, afirmou Moncef Slaoui, responsável pela vacinação em nível federal, à CBS. 

O imunologista Anthony Fauci alertou que, apesar da vacinação, a população deve continuar a usar máscaras e respeitar o distanciamento social durante os próximos meses. 

Se "convencermos as pessoas a se vacinarem (...) e conseguirmos (imunidade de rebanho) no final da primavera (boreal), início do verão, então no outono podemos ter um certo grau de alívio (...) e alguma forma de normalidade", disse no MSNBC.

As autoridades lançaram uma poderosa campanha de comunicação para convencer os americanos a se vacinar.

Preocupações na Europa
O Canadá também iniciou sua operação de imunização contra o novo coronavírus nesta segunda-feira, assim como Abu Dhabi, cinco dias depois de os Emirados Árabes Unidos aprovarem a vacina da gigante chinesa Sinopharm. 

Na Ásia, Singapura entrou na lista de países que já aprovaram o imunizante da Pfizer/BioNTech nesta segunda-feira, depois do Reino Unido, Canadá, Bahrein, Arábia Saudita, México e Estados Unidos. 

Na Europa, continente mais atingido pela pandemia, com 480.650 mortes e mais de 22 milhões de casos, a Agência Europeia de Medicamentos deve dar o seu parecer antes do final de dezembro. 

Assim como nos Estados Unidos, a inquietação aumenta no Velho Continente diante da proximidade das comemorações do Ano Novo, enquanto a segunda onda se acelera, especialmente na Alemanha e na Itália. 

Segundo dados da AFP, a Europa é a região que registrou o maior número de novos casos nesta semana, com uma média de 236.700 diariamente.

Com isso, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, anunciou o fechamento do país "por cinco semanas" devido à propagação do vírus. Isso significa o fechamento de todos o comércio - exceto os serviços essenciais - escolas, museus, zoológicos, cinemas e academias. 

A França inicia esta semana uma estratégia de testes em massa em algumas áreas urbanas na esperança de controlar a epidemia, que deixa mais de 57.900 mortos e mais de 2,3 milhões de casos no país, com o objetivo de futuramente sair do confinamento. 

A estratégia segue a aplicada em Liverpool, no Reino Unido, no início de novembro. 

Na Alemanha, onde a pandemia "está fora de controle", segundo o dirigente da Baviera, Markys Söder, um confinamento parcial foi decretado da próxima quarta-feira até 10 de janeiro, com o fechamento de serviços não essenciais e escolas. O país tem mais de 13 milhões de casos e 21.975 mortes. 

Na Suíça, por sua vez, o diretor do hospital de Zurique exigiu interromper as atividades do país e, segundo o jornal SonntagsZeitung, cinco hospitais universitários expressaram "sua grande preocupação" ao ministro da Saúde. 

A Itália, o quinto país do mundo mais enlutado pela pandemia, depois dos Estados Unidos, Brasil, Índia e México, se tornou o estado europeu mais afetado no sábado, com 64.520 mortes e mais de 1,8 milhão de casos. 

Na África, o primeiro-ministro do pequeno reino da Suazilândia morreu aos 52 anos após contrair a covid-19, embora as autoridades ainda não tenham confirmado a causa de sua morte.

E na Nigéria, ao menos 26 generais testaram positivo para o novo coronavírus, um dos quais morreu após participar de uma conferência em Abuja, informou o exército. 

Elogiada no passado como modelo de combate à pandemia, a situação é ainda pior na Coreia do Sul, que registrou 1.030 novos casos no domingo, superando o recorde diário de casos do dia anterior.

'Incompetência'
Na América Latina e no Caribe, que registra 471.393 mortes e mais de 14 milhões de casos, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é fortemente criticado pela "incompetência" de seu governo frente ao plano de vacinação da população. 

Segundo país do mundo em número de mortes pela covid-19 (181.402), o país divulgou no sábado um plano de vacinação com algumas lacunas, como quando começará a campanha e como chegará à meta de imunizar 70% da população.  

"Chega de piadas sobre vacina!", escreveu em seu editorial a Folha de São Paulo, principal jornal do país, criticando "a estupidez assassina" do Bolsonaro diante da pandemia.

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