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EUA

EUA: Juiz ordena preservação de mensagens de ataque ao Iêmen enviadas por engano a jornalista

Caso, que já vem sendo apontado como um dos vazamentos mais graves na História recente dos EUA, foi revelado pela The Atlantic na segunda-feira

Fumaça é vista após ataque aéreo dos EUA contra a capital do Iêmen, SanaFumaça é vista após ataque aéreo dos EUA contra a capital do Iêmen, Sana - Foto: AFP

Um juiz federal ordenou nesta quinta-feira que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "preservasse" mensagens trocadas entre altos funcionários da Casa Branca em um bate-papo do aplicativo Signal sobre o planejamento de um ataque contra o grupo rebelde houthi no Iêmen, ao qual um jornalista foi adicionado por engano.

O juiz James Boasberg disse que ordenará "a preservação de todas as comunicações do Signal entre 11 e 15 de março".

O caso foi movido pela ONG American Oversight, que faz campanha por maior transparência nos assuntos públicos.

A revista americana The Atlantic, cujo editor-chefe, Jeffrey Goldberg, foi adicionado inadvertidamente ao grupo, publicou na quarta-feira parte do conteúdo a que teve acesso para comprovar que ele continha conteúdo sigiloso.

A iniciativa do jornalista ocorreu após a Casa Branca iniciar uma "operação abafa" e minimizar as informações compartilhadas no canal não-oficial, que não está sujeito a nenhum protocolo de segurança.

A conversa compartilhada pela revista mostra que o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, enviou uma mensagem às 11h41 (13h41 em Brasília) do dia 15 de março — 31 minutos antes de os primeiros jatos americanos decolarem em direção ao Iêmen — detalhando cada passo do ataque contra as posições houthis.

A mensagem indicava os equipamentos que seriam utilizados (aviões F-18, drones MQ-9s e mísseis Tomahawk), a ordem de uso e como cada um seria aplicado no campo de batalha, além dos horários previstos para as ondas de ataque.

Além do cronograma detalhado por Hegseth — que a Atlantic afirma que se tivesse sido compartilhado com uma fonte hostil aos EUA, e não com um jornalista do próprio país, teria dado chance de defesa aos rebeldes e posto pilotos americanos em risco — também foi enviada no grupo informação em tempo real sobre a ofensiva.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Michael Waltz, informou no aplicativo, às 13h48 (15h48 em Brasília), quando a missão estava em andamento, sobre desdobramentos no solo.

"Prédio desmoronou. Tinha várias identificações positivas [alvos Houthis]. Pete, Kurilla, IC, trabalho incrível", escreveu Waltz, dirigindo-se a Hegseth, ao general Michael Kurilla, e à comunidade de inteligência.

O caso, que já vem sendo apontado como um dos vazamentos mais graves na História recente do país, foi revelado pela The Atlantic na segunda-feira.

Além dos nomes já citados, também estavam no grupo figuras do alto escalão como o diretor da CIA, John Ratcliffe, e o vice-presidente JD Vance.

A Casa Branca e outras autoridades republicanas não tentaram negar a existência do grupo ou que a troca de mensagens tenha acontecido.

No entanto, tentaram desacreditar a revista, minimizando o conteúdo que foi publicado através do aplicativo.

Mesmo após a matéria com o detalhamento exposto na conversa, Vance afirmou que houve exagero por parte do jornalista em relação ao conteúdo que havia acessado.

Waltz, que em depoimento assumiu "toda a responsabilidade" pela criação do grupo e inclusão do jornalista, também atacou a publicação via redes sociais, afirmando que as mensagens não discutiam "Nenhum local. Nenhuma fonte e método. NENHUM PLANO DE GUERRA".

Em depoimento à Comissão de Inteligência da Câmara dos EUA, a diretora Nacional de Inteligência, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA adotaram a mesma narrativa ao afirmar que nenhuma informação confidencial foi compartilhada nos chats do Signal.

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