Estados Unidos

EUA pede ação contra o tráfico de crianças e jovens do sexo masculino

Relatório anual sobre tráfico de pessoas denunciou também o aumento do trabalho forçado no mundo

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fala durante o lançamento do Relatório de Tráfico de Pessoas (TIP) de 2023 no Departamento de Estado em Washington, DC.O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fala durante o lançamento do Relatório de Tráfico de Pessoas (TIP) de 2023 no Departamento de Estado em Washington, DC. - Foto: Saul Loeb/AFP

Os Estados Unidos fizeram um apelo nesta quinta-feira (15) para que não se ignore o tráfico de pessoas do sexo masculino e denunciou o aumento do trabalho forçado no mundo, durante a apresentação de seu relatório anual sobre o tráfico de pessoas, na qual a brasileira Pureza Lopes Loyola foi uma das homenageadas por sua contribuição para o combate à escravidão moderna.

Existe uma série de "tendências preocupantes" como "a expansão contínua do trabalho forçado", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante uma apresentação.

"Na medida em que a pandemia interrompia as cadeias de abastecimento em todo o mundo e a demanda aumentava em certos", foram utilizadas diversas táticas "para tirar proveito dos trabalhadores mais esperados e com protestos mais baixos", afirmou.

Blinken também destacou o aumento do tráfico de mão-de-obra através de golpes online, uma tendência que também se acentuou durante a pandemia.

"Os traficantes se aproveitaram do desemprego generalizado para recrutar vítimas com ofertas falsas de trabalho e depois as forçaram a realizar golpes internacionais", explicou.

Além disso, o responsável pela diplomacia dos Estados Unidos destacou "os riscos enfrentados por um segmento de vítimas do tráfico humano que muitas vezes é ignorado: os meninos e homens jovens".

Segundo um relatório recente do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), entre 2004 e 2020, "o percentual de meninos identificados como vítimas do tráfico de pessoas multiplicou-se por cinco", afirmou Blinken.

Durante anos perdurou "a crença generalizada, mas incorreta, de que o tráfico afetou exclusivamente as mulheres vítimas", disse. Isso teve "consequências, francamente, devastadoras e tangíveis", com pouquíssima ajuda para as vítimas do sexo masculino.

Na realidade, insistiu Blinken, qualquer pessoa, independentemente de seu sexo ou identidade de gênero, pode ser vítima dos traficantes, de modo que é preciso "desenvolver recursos para todas as crianças".

O relatório abrange 188 países, incluídos os Estados Unidos, e os divide em três níveis em função do grau de cumprimento dos padrões mínimos.

Os Estados que integram o "nível 3" da lista - ou mais baixo - podem estar sujeitos a restrições no acesso a programas de ajuda externa dos Estados Unidos.

Washington manteve nesse nível Venezuela, Nicarágua e Cuba, países do continente americano com os quais tem uma relação bastante tensa.

Além disso, figuram no "nível 3" China, Irã, Coreia do Norte, Rússia, Afeganistão e Síria, entre outros.

Oito heróis, entre eles uma brasileira
Também estiveram presentes na sala os oito "heróis" da luta contra o tráfico de pessoas que o governo americano homenageia este ano, entre eles uma brasileira, a primeira mulher do país a receber a distinção.

A maranhense Pureza Lopes Loyola foi uma das escolhidas por seu trabalho para denunciar a escravidão moderna no Brasil, depois que seu filho caçula foi vítima desse tipo de exploração e ela empreendeu uma jornada de três anos para encontrá-lo, desafiando fazendeiros e jagunços na região Norte do país.

O reconhecimento de sua história - que serviu de inspiração para o filme "Pureza", lançado no ano passado - resultou na criação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel em 1995 que, em mais de 25 anos de atuação, foi responsável por libertar dezenas de milhares de trabalhador em condições análogas à escravidão.

Os outros sete homenageados foram: Paola Hittscher (Peru), Eumelis Moya Goitte (Venezuela), Mech Dara (Camboja), Iman Al-Sailawi e Basim Abdulrazzaq Jebur (Iraque), Evon Benson-Idahosa (Nigéria) e Zaheer Ahmed (Paquistão) .

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