EUA pedem ao Brasil prestação de contas por assassinato de Dom e Bruno
A Polícia Federal afirmou que os suspeitos agiram sozinhos e não possuem ligação com organizações criminosas
O governo dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira (17) que é preciso haver prestação de contas pelo duplo assassinato do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas.
"Pedimos prestação de contas e justiça - precisamos fortalecer coletivamente os esforços para proteger defensores do meio ambiente e jornalistas", escreveu o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, no Twitter.
Our condolences to the families of @domphillips and Bruno Pereira, murdered for supporting conservation of the rainforest and native peoples there. We call for accountability and justice—we must collectively strengthen efforts to protect environmental defenders and journalists.
— Ned Price (@StateDeptSpox) June 17, 2022
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Os homicídios foram confirmados dias depois de o presidente americano, Joe Biden, se reunir pela primeira vez com seu colega brasileiro, Jair Bolsonaro, que tem sido criticado pelo episódio.
A ONU, indígenas, ONGs e pessoas próximas dos dois homens expressaram sua indignação pelos assassinatos, que vincularam à impunidade que impera na região, incentivada por Bolsonaro, um impulsionador da exploração comercial das áreas protegidas.
Nos últimos anos, o presidente causou indignação ao assegurar que a incursão de Phillips e Pereira na Amazônia era uma "aventura não recomendável" e que o jornalista era "malvisto" na região por informar sobre as atividades ilegais.
Há uma semana, Bolsonaro, aliado do ex-presidente americano Donald Trump, mostrou-se otimista após se reunir com Biden à margem da Cúpula das Américas em Los Angeles. Na ocasião, Biden expressou preocupação com as mudanças climáticas e o desmatamento na Amazônia, um "sumidouro" vital para o carbono do planeta.
A investigação sobre o desaparecimento de Phillips e Pereira em 5 de junho teve uma reviravolta com a confissão de um dos dois detidos: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como 'Pelado', que levou a polícia ao local onde disse ter enterrado os corpos, perto da cidade de Atalaia do Norte, na remota região do Vale do Javari, fronteiriça com o Peru.
A Polícia Federal informou que os assassinos agiram sozinhos e não fazem parte de organizações criminosas, uma afirmação rechaçada por lideranças indígenas.