Israel

EUA prometem apoio "inabalável" a Israel enquanto Irã saúda "guerreiros palestinos"

Ação sem precedentes do grupo que controla a Faixa de Gaza provocou condenação de aliados de Tel Aviv e celebração de inimigos

Ataque supresa do Hamas a Israel provoca reações ao redor do mundoAtaque supresa do Hamas a Israel provoca reações ao redor do mundo - Foto: AFP

O ataque surpresa sem precedentes orquestrado pelo Hamas contra Israel causou choque ao redor do mundo e reações opostas entre aliados e inimigos dos dois lados. O governo brasileiro condenou a série de bombardeios e ataques terrestres realizados a partir da Faixa de Gaza. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ter ficado chocado com os ataques e que não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, lembrando que país preside atualmente o Conselho de Segurança da ONU. O Brasil convocou uma reunião de emergência do órgão que acontecerá neste domingo.

Em Washington, o presidente americano, Joe Biden, disse que falou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a quem reafirmou o apoio "inabalável" e lançou um alerta contra "qualquer outro ator hostil a Israel buscando tirar vantagem da situação".

"Deixei claro ao primeiro-ministro Netanyahu que nós estamos prontos para oferecer meios de apoio apropriados ao governo e ao povo de Israel. Terrorismo nunca é justificável. Israel tem o direito de se defender e o seu povo. Os EUA alertam contra qualquer outro ator hostil à Israel buscando tirar vantagem da situação. O apoio do meu governo à segurança de Israel é sólido e inabalável", disse Biden em um comunicado.

Mais cedo , o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, também falou, em nota, em compromisso “inabalável”, e que os EUA vão garantir que Israel tenha “o que precisar para se defender e proteger civis contra a violência indiscriminada e o terrorismo”.

A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, expressou, em um comunicado, a condenação categórica ao ataque e informou que o assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan, conversou com seu homólogo israelense, Tzachi Hanegbi, e seguirá em contato próximo, de acordo com o governo americano.

Em Bruxelas, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, também condenou a ação do grupo palestino. “Notícias sobre civis feitos reféns em suas casas ou levados a Gaza são chocantes. Isso é contra o Direito internacional. Reféns devem ser libertados imediatamente”, escreveu Borrell em uma publicação no X [antigo Twitter]. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou o ataque do Hamas de "terrorismo em sua forma mais desprezível".

A Otan — a aliança militar ocidental encabeçada pelos EUA — também condenou o que chamou de “ataques terroristas” contra o aliado” Israel.

E o enviado da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, o norueguês Tor Wennesland, se juntou ao coro de condenações ao Hamas, classificando os ataques de “atrozes” e instando a interrupção “imediata" da ação. “Este é um perigoso precipício e peço a todos que se afastem da beira”, declarou, completando que, “está em contato próximo com todas as partes” para pedir, especialmente que “protejam os civis”.

Em Moscou, o ministério das Relações Exteriores pediu contenção e o fim das hostilidades aos dois lados.

“Pedimos aos lados palestino e israelense que implementem um cessar fogo imediato, renuncie à violência e exercite a contenção necessária e estabeleçam, com a ajuda da comunidade internacional, um processo de negociação destinado a estabelecer a paz ampla, duradoura e há muito aguardada no Oriente Médio”, disse em nota.

Do lado ucraniano, em guerra há mais de um ano contra a invasão russa em larga escala de seu território, o presidente Volodymyr Zelensky condenou os atos de "terror" do Hamas e defendeu o "inquestionável direito de Israel à autodefesa", em uma publicação no X.

"Ocupação israelense"
O Egito, que é um ator histórico das tentativas de interlocução entre dos dois lados do conflito no Oriente Médio, defendeu a urgência de que ambos “exercitem a contenção”. Em um comunicado, a chancelaria egípcia apelou a que “os lados palestino e israelense exercitem os mais altos níveis de contenção”.

Jordânia e o Egito foram os primeiros dois países da região a firmar acordos de paz com Israel, antes de uma onda de normalização diplomática apoiada pelos Estados Unidos desde 2020, incluindo os Emirados Árabes Unidos. O chanceler do Egito manteve uma série de contatos por telefone, neste sábado, para, segundo o governo, buscar a intervenção imediata” de “atores internacionais” para evitar o agravamento da crise. Em conversa com o chanceler dos Emirados Árabes Unidos, ambos concordaram sobre a "a gravidade da situação atual e a necessidade de fazer todos os esforços para evitar que a situação de segurança fique fora de controle".

Na Jordânia, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, alertou para a "volatilidade" da situação, mas ressaltou o papel israelense no conflito, frisando particularmente "a luz de do que cidades e áreas da Cisjordânia têm testemunhado de ataques israelenses e violações contra o povo palestino".

A Liga Árabe também reagiu à crise em tom crítico à Israel. O chefe do bloco, Ahmed Aboul Gheit, pediu "imediata interrupção das operações militares em Gaza" e do "ciclo de confrontação armada entre os dois lados", completando que "A contínua implementação de políticas violentas e extremistas por Israel é uma bomba relógio que priva a região de qualquer oportunidade séria de estabilidade no futuro próximo".

Nos últimos meses, os EUA têm trabalho intensamente para reaproximar os dois principais aliados na região, Israel e Arabia Saudita. Os governos dos três países vinham dando sinais discretos de que um acordo que poderia levar a coroa saudita a reconhecer Israel estava mais próximo do que nunca. No mês passado, o ministro do Turismo israelense, Haim Katz , se tornou o primeiro ministro do país a liderar oficialmente uma comitiva a Riad.

No entanto, neste sábado, o país também ecoou as críticas à Israel, em tom semelhante ao da Liga Árabe e de outras governos da região, como Kuwait, Omã e Catar. Analistas já enxergam nos acontecimento de hoje um duro golpe nas ambições de Washington. O governo saudita também clamou pela interrupção imediata dos confrontos, afirmando que “acompanha de perto os acontecimentos da situação sem precedentes entre um número de facções palestinas e a ocupação israelense”, de acordo com a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do país. Mas frisou que o ataque foi "resultado da contínua ocupação e privação do povo palestino de seus direitos legítimos".

O Irã, maior inimigo de Israel e que não reconhece a existência do Estado israelense, parabenizou os “guerreiros palestinos”. O conselheiro do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, Yahya Rahim Safavi, declarou que o regime “vai estar ao lado dos guerreiros palestinos até a liberação da Palestina e de Jerusalém”, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Aliado iraniano e outro rival que já travou guerras contra Israel na região, o Hezbollah libanês também saudou o Hamas pelo que classificou como “operação heroica”. (Com AFP e New York Times)

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