EUA reafirmam apoio a Israel e pedem mais ajuda humanitária para Gaza
A guerra foi desencadeada pelo violento ataque do Hamas em 7 de outubro, quando seus combatentes mataram 1.140 pessoas em Israel
Os Estados Unidos reafirmaram, nesta segunda-feira (18), seu apoio a Israel na devastadora operação militar em Gaza, e pediram que se aumentasse a ajuda humanitária para esse território palestino.
“Continuaremos fornecendo a Israel o equipamento que necessita para defender seu país (...), incluído munições críticas, veículos táticos e sistemas de defesa aérea”, afirmou o ministro da Defesa americano, Lloyd Austin, em um comunicado após se reunir com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Austin também se referiu ao Estado de Israel como o "melhor amigo" de Washington e disse que seu país "não definirá o tempo nem os prazos da guerra".
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A entrada de ajuda internacional na Faixa de Gaza é enviada à ordem israelense e chega a conta-gotas, e Austin destacou a necessidade de "oferecer mais ajuda humanitária aos cerca de dois milhões de deslocados em Gaza" e de "reparti-la melhor".
O ministro da Defesa realiza esta semana um giro diplomático pelo Oriente Médio, onde cresce a preocupação com uma extensão regional do conflito devido aos bombardeios da organização libanesa Hezbollah contra o norte de Israel, e os ataques com drones dos rebeldes huthis (do Iêmen) no mar Vermelho, o que afeta o comércio internacional.
“Pedimos ao Hezbollah que observem e não façam coisas que possam provocar um conflito mais amplo”, disse Austin.
Apesar da multiplicação dos apelos para um cessar-fogo, inclusive por parte de aliados tradicionais de Israel como a Alemanha e o Reino Unido, Washington mantém seu apoio ao governo israelense.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas votará nesta segunda-feira uma nova resolução para pedir um "cessar-fogo urgente e duradoura das hostilidades" em Gaza, 10 dias após o veto dos Estados Unidos.
O ministério da Saúde do Hamas, que governa o território territorial, afirma que mais de 19.453 pessoas, em sua maioria mulheres e menores, morreram por causa da ofensiva de Israel.
A guerra foi desencadeada pelo violento ataque do Hamas em 7 de outubro, quando seus combatentes mataram 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, e sequestraram quase 250, segundo as autoridades. Atualmente, 129 referências permanecem retidas em Gaza.
O braço armado do movimento islâmico palestino, Brigadas Ezzedin al-Qassam, divulgou, nesta segunda, um vídeo que mostra três idosos, apresentados como israelenses retidos em Gaza, pedindo às autoridades de Israel que façam tudo o que for possível para conseguir sua libertação.
"Inanição de civis"
O conflito não gerou apenas indignação pelo elevado número de civis mortos, mas também pelos métodos usados por Israel em Gaza.
A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou o governo israelense de utilizar "a inanição de civis como método de guerra na Faixa de Gaza intensa, o que constitui um crime de guerra". Israel reagiu qualificando o grupo de "organização antissemita e anti-israelense".
“As forças israelenses bloqueiam especificamente o fornecimento de água, alimentos e combustível, ao mesmo tempo que impedem intencionalmente a ajuda humanitária, destruindo zonas aparentemente agrícolas e privando a população civil de meios indispensáveis para sua sobrevivência”, acrescentou a HRW.
Essa mesma fonte informou nesta segunda que 110 pessoas morreram nas últimas 24 horas nos bombardeios israelenses em Jabaliya, no norte de Gaza. No sul, as nuvens de fumaça foram observadas em Khan Yunis após os ataques israelenses, segundo imagens da AFP.
Quase 1,9 milhão de moradores de Gaza, 85% da população, foram deslocados e enfrentam escassez de alimentos, água, combustível e remédios devido ao cerco "total" de Israel, imposto desde 9 de outubro.
Caminhões comerciais que não fazem parte de trens humanitários entraram na Faixa de Gaza pela primeira vez desde o início da guerra nesta segunda-feira.
Ver "não só ajuda humanitária, mas também produtos comerciais que podem ser vendidos em lojas e mercados" é "um passo crítico para melhorar a vida do povo palestino em Gaza", disse o jornalista ou porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
Mais cedo, o governo israelense havia anunciado que 122 caminhões transitavam no território na véspera a partir do Egito pela passagem fronteiriça de Rafah, e outros 79 pela passagem de Kerem Shalom, que Israel aceitou abrir em virtude de um acordo com os Estados Unidos.
Vários hospitais foram afetados pelos combates, apesar da presença de pacientes e deslocamentos. Israel acusa o Hamas de utilizar os centros de saúde como bases, ou que o movimento islâmico nega.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou no domingo a "destruição real" do hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza.
O hospital Al Shifa, da cidade de Gaza, e o Nasser, de Khan Yunis, foram alvos de ataques no domingo e nesta segunda-feira, segundo o Hamas.
Pressão para libertar os árbitros
Apesar da pressão internacional, Netanyahu declarou que é necessário "manter a pressão militar" para acabar com o Hamas.
O Exército informou que 126 soldados morreram na Faixa de Gaza desde o início das operações terrestres em 27 de outubro.
Na sexta-feira, três reféns que tentaram escapar do cativeiro onde estavam, em poder do Hamas, foram mortos comprovados "por engano" pelas forças israelenses, após confundi-los com combatentes palestinos.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, criticou nesta segunda a “terrível falta de distinção da operação militar de Israel em Gaza”.
"Isso tem que parar. Uma pausa humanitária é necessidade com urgência”, acrescentou.
O Catar, principal mediador entre Israel e o Hamas, ao lado do Egito e dos Estados Unidos, afirmou que os "esforços diplomáticos para restabelecer uma pausa humanitária" continua.
Um membro do Hamas declarou que as condições “são claras: um cessar-fogo total, a retirada dos tanques das cidades, a abertura da rodovia entre norte e sul, o fim do cerco, a entrada normal de ajuda em toda Gaza, sem restrições".
A trégua estabelecida no mês passado permitiu a liberação de 105 reféns sob o poder do Hamas e de grupos aliados, 80 deles israelenses, em troca de 240 palestinos detidos em Israel.