EUA se aproxima da aprovação da vacina; Europa luta para conter segunda onda
Com mais de 292.000 mortes provocadas pela pandemia, os Estados Unidos não têm tempo a perder
A agência reguladora dos Estados Unidos aprovará nos próximos dias uma vacina contra a covid-19, um passo adiante para conter um vírus que castiga o país, mas que tampouco cede na Europa, onde os laboratórios Sanofi e GSK anunciaram que sua vacina deve estar disponível apenas no fim de 2021.
Um comitê de especialistas independentes dos Estados Unidos recomendou que a Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) do país aprove a vacina da aliança Pfizer/BioNTech. Na prática, isso pode significar o início da vacinação na próxima semana.
A aprovação parece quase certa, sobretudo, depois que a revista New England Journal of Medicine validou os resultados de eficácia e segurança da vacina.
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Com mais de 292.000 mortes provocadas pela pandemia, os Estados Unidos não têm tempo a perder - em especial no momento em que o país registra a média diária de 3.000 vítimas fatais por covid-19.
Na Europa, os laboratórios Sanofi e GSK, francês e britânico respectivamente, sofreram um duro revés. Ambos anunciaram nesta sexta-feira que sua vacina contra a covid-19 não ficará pronta até o fim de 2021, depois de resultados abaixo do esperado nos primeiros testes clínicos.
O programa foi "adiado para melhorar a resposta imunológica nas pessoas mais velhas", afirmaram as empresas em um comunicado. A ideia inicial era disponibilizar a vacina no primeiro semestre de 2021, com um bilhão de doses.
A Austrália também decidiu abandonar o desenvolvimento de uma vacina própria contra a covid-19, depois que os estudos clínicos produziram um falso resultado positivo para HIV entre os participantes de testes em estágio inicial.
A situação poderia abalar a confiança da população no fármaco, explicou o secretário do Ministério da Saúde, Brendan Murphy.
O resultado levou o governo a suspender os planos de comprar milhões de doses da vacina candidata e a aumentar os pedidos de alternativas da AstraZeneca e da Novax, disse o primeiro-ministro Scott Morrison.
- Aliança AstraZeneca/Sputnik V -
Atualmente, as restrições de movimento e as medidas de higiene são o principal escudo diante do vírus. Por este motivo, as vacinas são o remédio tão desejado para deter a pandemia que matou ao menos 1,5 milhão de pessoas e infectou mais de 69 milhões desde o surgimento na China, em dezembro do ano passado, segundo um balanço da AFP com base em números oficiais.
O Reino Unido se tornou esta semana o primeiro país ocidental a começar a inocular a vacina da Pfizer-BioNTech. Canadá, Bahrein e Arábia Saudita também aprovaram o produto.
Além disso, Rússia e China iniciaram campanhas com vacinas de produção nacional que ainda não estão aprovadas de maneira definitiva.
Em Moscou, o laboratório britânico AstraZeneca e a Rússia anunciaram nesta sexta-feira testes clínicos conjuntos que combinam suas duas vacinas contra o coronavírus, um caminho para alcançar uma "resposta imunológica melhor".
Na América Latina, que registra mais de 466.000 mortes, a Argentina anunciou a assinatura de um acordo com a Rússia para a aquisição da Sputnik V, a vacina russa.
O presidente Alberto Fernández afirmou na quinta-feira que será o primeiro vacinado no país, "para que ninguém tenha medo".
- "Preocupante" -
Na Europa, os cidadãos também esperam a aprovação oficial para o início das campanhas de vacinação.
A Agência Europeia de Medicamentos prometeu uma decisão sobre a vacina Pfizer/BioNTech até 29 de dezembro, e sobre a candidata do laboratório Moderna, até 12 de janeiro.
Ao mesmo tempo, as restrições no continente não param durante a segunda onda da pandemia.
Muitos países mantêm as medidas, mas com algumas mudanças para o Natal, enquanto outros cogitam endurecer ainda mais as restrições.
A França anunciou que suspenderá a partir de terça-feira o confinamento que está em vigor desde 30 de outubro. Em contrapartida, instituirá um toque de recolher às 20h, inclusive na noite de Ano Novo.
O presidente Emmanuel Macron pediu aos franceses, nesta sexta-feira, que "redobrem a vigilância" durante os encontros de família no Natal. Porque "é nestes momentos, quando relaxamos (...) que propagamos o vírus", destacou.
Na Alemanha, elogiada por sua gestão da crise durante a primeira onda, o aumento de contágios é "preocupante", e as autoridades estão considerando novas restrições.
Nas últimas 24 horas, a Rússia registrou mais de 600 mortes por coronavírus, um recorde para o país, muito afetado pela segunda onda, mas as autoridades resistem a decretar um confinamento geral.
Um dos setores mais afetados pelas restrições é o de restaurantes. Na Espanha, o Zalacain, uma instituição culinária de Madri, fechou as portas após mais de 50 anos de atividades, reflexo da crise que abala a alta gastronomia na Europa.
A Espanha registra 47.000 mortes oficiais por covid-19, mas o número real pode ser muito maior.
O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) apontou na quinta-feira que o número estimado de óbitos provocados pelo coronavírus entre março e maio superou 45.600, o que representa 18.500 a mais que as vítimas fatais contabilizadas no balanço oficial.