Estados Unidos

EUA se reintegra à Unesco, da qual saiu durante o governo Trump

Pedido de readmissão foi aprovado durante uma conferência geral extraordinária da organização por 132 votos

UnescoUnesco - Foto: Jacques Demarthon/AFP

Os Estados Unidos se reintegraram oficialmente, nesta sexta-feira (30), à Unesco, da qual saiu em 2018 sob a presidência Donald Trump, informou essa agência da ONU dedicada à educação, ciência e cultura.

O pedido de readmissão foi aprovado durante uma conferência geral extraordinária da organização por 132 votos. Houve ainda 15 abstenções e 10 votos contra, entre eles os de Irã, Síria, China e sobretudo Rússia, que multiplicou os procedimentos e emendas para atrasar a votação.

"A resolução foi adotada", proclamou o presidente da assembleia, o brasileiro Santiago Irazabal Mourão, seguido de uma salva de palmas.

Os Estados Unidos anunciaram, em outubro de 2017, sua saída da organização, denunciando seu "persistente viés anti-israelense". Sua saída, junto a de Israel, se tornou efetiva em dezembro de 2018.

O país suspendeu seu aporte financeiro à Unesco desde 2011, sob a presidência de Barack Obama, privando a entidade de 22% do seu orçamento.

Mas o governo de Joe Biden assistido em junho, em uma carta à diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, "um plano" de reintegração à organização, sediada em Paris.

Dívida de 619 milhões de dólares
A dívida americana contraída entre 2011 e 2018 com a Unesco se eleva a atualmente a 619 milhões de dólares (aproximadamente R$ 3 bilhões na cotação atual), um montante superior ao orçamento anual da organização, estimado em 534 milhões de dólares (aproximadamente R$ 2,6 bilhões).

Washington informou em sua carta a Azoulay que pediu ao Congresso americano o pagamento de 150 milhões de dólares (aproximadamente R$ 730 milhões) para o exercício fiscal de 2024, uma contribuição que será mantida nos próximos anos "até a liquidação dos atrasos".

A reintegração americana se dá em um contexto de crescente rivalidade com a China, que deseja transformar a ordem multilateral internacional criada após a Segunda Guerra Mundial e da qual a Unesco faz parte.

A Unesco também foi palco de intensos debates desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Um diplomata russo expressou sua decepção pelo retorno dos EUA à entidade.

"Estaríamos dispostos a acolher favoravelmente a vontade de Washington", que "permitiria fortalecer nossa organização", mas "consideramos que tentamos nos arrastar para um mundo paralelo, que supera todas as cenas absurdas dos livros de Lewis Carroll", o autor de "Alice no país das maravilhas", declarou.

“Nesse espaço deformado, quem defende a democracia e a primazia do direito tenta nos arrastar para uma violação das regras e se apropriar de direitos privilegiados”, acrescentou, avaliando que Washington deveria pagar toda sua dívida com a Unesco antes de ser readmitido.

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter