EUA: secretário diz que Musk não viu plano de guerra contra China, e Trump anuncia programa de caça
Presidente americano reforçou que nunca teria permitido que "plano ultrassecreto" fosse compartilhado com o bilionário "ou qualquer pessoa do tipo"
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou que o bilionário Elon Musk seria informado nesta sexta-feira sobre o planejamento de contingência do Exército americano para uma possível guerra com a China — ao mesmo tempo em que anunciou o programa do caça F-47, que ele promete ser um jato furtivo “de última geração”.
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Na noite de quinta-feira, o New York Times, citando fontes familiarizadas com os planos, afirmou que Musk veria a estratégia dos EUA em uma apresentação liderada pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, e pelos principais comandantes militares do país.
Horas após a notícia ter sido publicada pela imprensa internacional, autoridades do Pentágono e o próprio Trump negaram que a reunião seria sobre planos militares envolvendo a China. Nas redes sociais, o republicano afirmou que Pequim não seria “sequer mencionado ou discutido”.
Nesta sexta, Trump reforçou que nunca teria permitido que o plano fosse compartilhado com Musk “ou qualquer pessoa do tipo”, reconhecendo os interesses comerciais do sul-africano com a China.
— Eu não quero que outras pessoas vejam, que ninguém veja um potencial plano de guerra com a China. Nós não queremos ter uma guerra com a China, mas posso dizer que, se tivermos, estamos muito bem preparados para lidar com isso — disse Trump. — Sabe, Elon tem negócios na China e ele poderia ser suscetível a isso (conflito de interesses), talvez, mas foi uma história completamente falsa.
Dar ao bilionário acesso a alguns dos segredos militares mais bem guardados do país seria uma expansão dramática de seu já extenso papel no governo americano.
Também destacaria questões sobre os conflitos de interesse de Musk, que transita pela burocracia federal enquanto administra empresas que são grandes empreiteiras do governo. CEO da Space X e da Tesla, Musk é um dos principais fornecedores do Pentágono e tem interesses financeiros na China.
— Elon Musk é um patriota. Elon Musk é um inovador. Elon Musk fornece muitas capacidades das quais nosso governo e nossas forças armadas dependem, e sou grato por isso — disse Hegseth, acrescentando que as reportagens afirmando que Musk veria o plano tinham a intenção de “minar qualquer relação que o Pentágono tenha com ele”.
— Nós o recebemos hoje no Pentágono para falar sobre [o departamento de eficiência governamental], para falar sobre eficiência, para falar sobre inovações. Foi uma ótima conversa informal.
Os planos de guerra do Pentágono, conhecidos no jargão militar como O-plans ou planos operacionais, estão entre os maiores segredos das Forças Armadas.
Se um país estrangeiro descobrisse como os EUA planejaram combatê-lo em uma guerra, poderia reforçar suas defesas e corrigir suas vulnerabilidades, tornando os planos muito menos eficazes.
Além do The Times, o Wall Street Journal, também citando fontes não identificadas com conhecimento direto do assunto, publicou que Musk receberia detalhes sobre esses planejamentos porque os solicitou.
Os relatos mais recentes ressaltam o papel sem precedentes que Musk desempenha simultaneamente no governo e na economia dos EUA. Um dos assessores mais próximos de Trump, ele investiu dezenas de milhões de dólares na campanha para a reeleição do presidente.
Além de seu papel à frente do chamado Departamento de Eficiência Governamental, cujo objetivo é reduzir gastos e a folha de pagamento federal, Musk mantêm contratos federais bilionários, incluindo com o Pentágono.
Simultaneamente, Musk e a Tesla dependem fortemente da China. A fábrica de Xangai, inaugurada com apoio do governo chinês, representa mais da metade das entregas globais da empresa.
Em público, Musk evita criticar Pequim e, no passado, já sugeriu que Taiwan poderia se tornar uma “zona administrativa especial” da China, irritando políticos da ilha democrática. Seus negócios e declarações levantam questões sobre se ele deveria ter acesso a segredos militares dos EUA.
O planejamento para uma guerra com a China domina o pensamento do Pentágono há décadas, bem antes de um possível confronto com Pequim passar a ser mais convencional no Capitólio.
Os EUA estruturaram suas forças Aéreas, Marinha e Espaciais — e mais recentemente seus fuzileiros navais e Exército — tendo em mente essa possibilidade.