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Gabriel Monteiro

Ex-assessor de Gabriel Monteiro diz que advogado orientou vereador a fazer "queima de arquivo"

Depoimento de ex-funcionário indica que a sugestão veio logo depois de episódio envolvendo empresa de reboque que atua na cidade

Gabriel MonteiroGabriel Monteiro - Foto: Divulgação / CMRJ

Um ex-assessor do vereador do Rio e youtuber Gabriel Monteiro (PL) afirmou à Polícia Civil que o parlamentar foi orientado por um advogado a destruir equipamentos e mídias portáteis, como cartões de memória, HD externo e pendrives, que ficavam armazenados na casa dele. A "queima de arquivo" — termo usado pelo próprio ex-funcionário ao ser ouvido na 42ª DP (Recreio) —  teria como objetivo, de acordo com Heitor Monteiro de Nazaré Neto, de 21 anos, "inviabilizar que alguém encontrasse qualquer prova que desabonasse a conduta" de Monteiro.

O depoimento foi prestado no âmbito de uma investigação sobre o vazamento de um vídeo íntimo no qual uma menor de 15 anos e o vereador aparecem mantendo relações sexuais. Desde que as primeiras denúncias de irregularidades e possíveis crimes começaram a surgir, Gabriel Monteiro vem repetidamente negando todas as acusações.

Heitor contou aos agentes que foi nomeado no gabinete de Monteiro por cerca de dez meses, entre junho de 2021 e março deste ano. Ele afirmou ainda que o último dia de trabalho junto ao vereador se deu logo depois do episódio envolvendo uma empresa de reboques que atua na cidade, quando uma denúncia de oferecimento de propina feita pelo parlamentar chegou a levar o dono do grupo à prisão. Segundo o ex-funcionário, a orientação do advogado a respeito da destruição das mídias surgiu em seguida deste ocorrido.

Ouvido como autor no inquérito da 42ª DP, já que foi apontado por Monteiro como responsável pelo vazamento do vídeo íntimo com a adolescente, Heitor foi espontaneamente à delegacia "após tomar conhecimento de ter seu nome envolvido em denúncia de furto no interior da residência" do vereador, conforme consta no termo de declaração. O ex-funcionário alega que o material supostamente furtado seria justamente o das mídias citadas pelo advogado do vereador anteriormente, o que incluiria a gravação da relação com a menor de idade. No depoimento, Heitor diz desconfiar que "esta 'história de furto' seja uma estratégia para justificar o fato de Gabriel não ter mais tais mídias de informática caso alguém o solicitasse".

O ex-assessor do vereador também revelou à polícia que Monteiro possui em casa um cofre camuflado, escondido dentro de um armário que fica entre o quarto e o closet, no qual mantém guardados todas as mídias e HDs. Heitor afirmou que a equipe do parlamentar não tinha acesso ao local, e que tampouco sabia a senha do cofre — informação que, segundo ele, só foi compartilhada com os dois advogados do youtuber.

A existência do cofre foi citada por outros três ex-funcionários que também se apresentaram na 42ª DP: Fabio Neder Fernandes Di Letta, Luiza Caroline Bezerra Batista e Mateus Souza de Oliveira. Fabio e Luiza foram ouvidos na condição de testemunha, enquanto Mateus, o segundo citado por Monteiro como envolvido no suposto furto, aparece no registro do mesmo modo que Heitor, como possível autor do crime.

Em dois desses depoimentos, consta que o conteúdo dos HDs guardados no cofre seria inclusive criptografado, só sendo possível acessar as gravações mediante senha. De acordo com os relatos dos ex-funcionários, no local ficavam armazenados tanto "vídeos de trabalho" quanto gravações de "orgias" envolvendo o vereador e várias mulheres, frequentemente menores de idade.

As denúncias contra Gabriel Monteiro tiveram início com reportagens do "Fantástico", da TV Globo. Desde então, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MP-RJ) estão investigando casos envolvendo o parlamentar. As acusações são de abuso sexual, estupro e assédio sexual, entre outras.

Por conta desse cenário, Monteiro também viu ser aberto, esta semana, um processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara de Vereadores do Rio. A investigação, a depender das conclusões dos parlamentares, podem levar até mesmo à cassação de mandato.

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