Logo Folha de Pernambuco

NOVA YORK

Ex-assessor de Obama é preso por perseguir comerciante muçulmano e chamá-lo de "terrorista"

Stuart Seldowitz alegou que vendedor teria feito um comentário favorável ao Hamas, o que ele nega

Ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Stuart Seldowitz vai responder por assédio e perseguiçãoEx-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Stuart Seldowitz vai responder por assédio e perseguição - Foto: Reprodução/X

O ex-funcionário do Departamento de Estado americano que foi filmado assediando um vendedor de comida halal em Manhattan e chamando-o de “terrorista” foi preso e acusado de crime de ódio. Stuart Seldowitz, de 64 anos, vai responder por assédio agravado e perseguição, segundo a polícia local.

Ao longo da carreira, Seldowitz chegou a atuar no Gabinete de Assuntos Israelenses e Palestinos do Departamento de Estado dos EUA e assumiu a direção do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca durante a gestão de Barack Obama.

Em entrevistas à mídia americana, Seldowitz reconheceu ser o homem que aparece nas filmagens, em horários diferentes do dia, e discute com o vendedor de comida halal. Ele alegou que o comerciante o teria provocado com uma fala de apoio ao Hamas, grupo responsável pelo ataque terroristas em Israel, em 7 de outubro, que deflagrou uma guerra no Oriente Médio. O comerciante, identificado como Mohamed Hussein, negou ter feito qualquer comentário favorável a extremistas.

Num dos vídeos que circulam nas redes sociais, Seldowitz ironiza o assassinato de jovens na Faixa de Gaza, em meio à retaliação pelos ataques do Hamas. "Se matamos 4 mil crianças palestinas, quer saber? Não foi suficiente". Em outro trecho da gravação, ele chama o vendedor de "terrorista", "ignorante" e ironiza o fundador do Islã, o profeta Maomé.

Numa entrevista por telefone na terça-feira (21), Seldowitz disse que não era islamofóbico.

"Fiquei bastante chateado e disse coisas a ele que, em retrospecto, provavelmente me arrependo... Que me arrependo" disse Seldowitz. "Em vez de me concentrar nele e no que ele disse, passei a insultar sua religião e assim por diante".

Os vídeos não mostram nenhum comentário do vendedor além da ameaça de chamar a polícia e do pedido para que Seldowitz fosse embora.

Acusação de islamofobia
As acusações contra Seldowitz foram apresentadas depois de o vendedor ter dito à polícia que uma pessoa o tinha abordado várias vezes enquanto trabalhava e tinha feito comentários islamofóbicos, fazendo-o sentir-se “com medo e irritado.”

Em vários vídeos publicados nas redes sociais, Seldowitz tira fotos do vendedor e ameaça enviá-las ao que chamou de “amigos da Imigração”.

De acordo com a polícia, Seldowitz mora a poucos quarteirões do local em que habitualmente o vendedor instala seu carrinho de comida halal, no Upper East Side. O New York Times não conseguiu contato com o comerciante.

Seldowitz confirmou ao New York Times que ocupou vários cargos em governos democratas e republicanas, incluindo o de diretor interino da Diretoria do Sul da Ásia do Conselho de Segurança Nacional e um cargo no Escritório de Israel e Assuntos Palestinos do Departamento de Estado dos EUA. Ele não ocupa mais nenhum cargo governamental.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter