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ESTADOS UNIDOS

Ex-chefe de Gabinete de Trump diz que ele se enquadra na definição de 'fascista'

A duas semanas da votação, o general aposentado da Marinha John Kelly concedeu uma série de entrevistas

Ex-chefe de Gabinete de Trump, John Kelly diz que ele se enquadra na definição de 'fascista'Ex-chefe de Gabinete de Trump, John Kelly diz que ele se enquadra na definição de 'fascista' - Foto: Mario tama/afp

John Kelly, o general aposentado da Marinha que serviu como chefe de Gabinete de Donald Trump na Casa Branca entre 2017 e 2019, entrou na disputa presidencial deste ano de maneira impressionante. Em declarações feitas à imprensa americana, ele disse que o ex-presidente se encaixa "na definição geral de fascista" e queria o "tipo de generais que Hitler tinha".

A duas semanas da eleição, os comentários de Kelly são os mais recentes em uma série de avisos de ex-assessores do magnata na Casa Branca sobre como ele vê a Presidência e como exerceria o poder se voltasse ao cargo.

— É claro que o ex-presidente está na área da extrema direita, é claro que ele é um autoritário, ele admira pessoas que são ditadores, ele mesmo disse isso. Então, sem dúvida, ele se enquadra na definição geral de um fascista, com certeza — declarou Kelly ao New York Times em uma entrevista publicada na terça-feira.

Poucas autoridades de alto escalão passaram mais tempo a portas fechadas na Casa Branca com Trump do que John Kelly. Ele foi secretário de segurança interna no governo do republicano antes de se mudar, em julho de 2017, para a Casa Branca, onde trabalhou por quase um ano e meio para cumprir a agenda de Trump.

Foi um período tumultuado, no qual ele recebeu críticas internas sobre seu próprio desempenho e ficou desencantado e angustiado com a conduta do presidente, que ele considerava às vezes inadequada e que não refletia nenhum entendimento da Constituição.

Nas entrevistas, Kelly ampliou suas preocupações expressas anteriormente e enfatizou que os eleitores, em sua opinião, devem considerar a aptidão e o caráter ao escolher um presidente, até mesmo mais do que as posições do candidato sobre as questões.

— Em muitos casos, eu concordaria com algumas de suas políticas — disse ele, enfatizando que, como ex-militar, não estava endossando nenhum candidato. — Mas, novamente, é muito perigoso ter a pessoa errada eleita para um alto cargo.

Além dos comentários fascistas, Kelly disse ao New York Times que o ex-presidente “certamente prefere a abordagem de ditador para governar”.

Também confirmou relatos anteriores de que Trump havia feito declarações de admiração sobre Adolf Hitler, expressado desprezo por veteranos deficientes e caracterizado aqueles que morreram no campo de batalha pelos Estados Unidos como “perdedores” e “otários” — comentários relatados primeiramente pela revista The Atlantic.

A campanha de Trump negou que essa conversa tenha acontecido.

— Isso é absolutamente falso. O presidente Trump nunca disse isso — respondeu o assessor de campanha Alex Pfeiffer à CNN nesta quarta-feira.

Steven Cheung, porta-voz da campanha de Trump, atacou Kelly em um comunicado, chamando os relatos do general da reserva sobre seu tempo na Casa Branca de “histórias desmascaradas” e dizendo que Kelly havia se “enganado”.

Mas os democratas rapidamente aproveitaram os comentários. A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata, Kamala Harris, declarou, nesta quarta-feira, que Trump, seu rival republicano na corrida pela Casa Branca, está "cada vez mais desequilibrado" e classificou de "extremamente perigosos" os supostos elogios que ele teria feito ao ditador nazista "responsável pela morte de seis milhões de judeus e de centenas de milhares de americano".

— Donald Trump está cada vez mais desequilibrado e instável, e em um segundo mandato, pessoas como John Kelly não estariam lá para serem as salvaguardas contra suas propensões e ações — afirmou do lado de fora de sua residência em Washington, antes de partir rumo à Pensilvânia para um ato de campanha. — Tudo isso é uma prova a mais para o povo americano de quem realmente é Donald Trump. Portanto, a conclusão é esta: sabemos o que Donald Trump quer: ele quer um poder sem controle

Em suas entrevistas, Kelly alertou que Trump "queria generais como os que Adolf Hitler tinha e comentou mais de uma vez que líder nazista "também fez algumas coisas boas".

— Donald Trump disse isso porque não quer um exército que seja leal à Constituição dos Estados Unidos — avaliou Kamala. — Ele quer um exército que seja leal a ele.

Algumas declarações do republicano já lhe renderam comparações com Hitler, tais como quando disse que os migrantes "envenenam o sangue do país". 

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