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Ex-chefes de Estado de 30 países enviam carta a Biden sobre crise na Venezuela

Grupo acredita que Maduro está manipulando as autoridades venezuelanas para se manter no poder, o que eles consideram uma violação do processo democrático

O presidente dos EUA, Joe BidenO presidente dos EUA, Joe Biden - Foto: Jim Watson / AFP

Trinta ex-chefes de Estado enviaram uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressando preocupações sobre as intenções do presidente Nicolás Maduro após ser declarado vencedor nas eleições da Venezuela.

O grupo acredita que o chavista está manipulando as autoridades venezuelanas para se manter no poder, o que eles consideram uma violação do processo democrático. Eles também rejeitam a ideia de realizar novas eleições no país, ideia sugerida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e apoiada por Gustavo Petro, da Colômbia.

Na carta, os ex-chefes de Estado elogiaram Biden por não reconhecer a vitória de Maduro e por não aceitar a proposta de um novo pleito (o democrata inicialmente disse que concordava, mas a Casa Branca informou posteriormente que o presidente havia se confundido com a pergunta), também acusando o regime de Maduro de reprimir as forças democráticas e o povo venezuelano, o que seria uma ameaça aos "direitos democráticos interamericanos".

"É possível repetir eleições ou promover a convivência dos venezuelanos, um povo decente e vítima das suas forças democráticas, com os responsáveis pela execução de crimes contra a Humanidade investigados e em fase final pelo Tribunal Penal Internacional?", questiona o documento assinado nesta sexta-feira por integrantes do grupo Ideia, entre eles os ex-presidentes Álvaro Uribe, da Colômbia, Guillermo Lasso, do Equador, e Maurício Macri, da Argentina.

O grupo também criticou duramente a Suprema Corte da Venezuela e as autoridades eleitorais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) por sua suposta incompetência e falta de transparência no processo eleitoral. "E este [Poder Eleitoral], até agora, não realizou escrutínio nem imprimiu registros, e manteve o material eleitoral escondido durante semanas, desconhecido do país e do mundo, e consumando uma violação contínua e agravada do Estado de Direito enquanto órgão constitucional."

Além disso, o grupo pediu a Biden que colabore para conter o "Estado policial e repressor" de Maduro e reconheça a vitória do oposicionista Edmundo González Urrutia nas eleições de 28 de julho.

A carta foi divulgada no mesmo dia em que o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução que pede ao governo de Maduro a publicação dos resultados das questionadas eleições. O texto foi adotado por consenso pelas 26 delegações de países-membros que participaram da reunião extraordinária, realizada na sede da OEA, em Washington.

O documento insta o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano a "publicar de maneira expedita as atas com os resultados da votação das eleições presidenciais em cada mesa eleitoral" e permitir "uma verificação imparcial dos resultados". O texto, apresentado pelos Estados Unidos na OEA, teve apoio de Antígua e Barbuda, Argentina, Canadá, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai, República Dominicana, Suriname e Uruguai.

A comunidade internacional exige a publicação das atas eleitorais desde que o CNE proclamou a vitória de Maduro sobre o candidato opositor, Edmundo González Urrutia, na mesma noite das eleições.

O governante de esquerda foi proclamado reeleito para um terceiro mandato de seis anos, até 2031, com 52% dos votos.

A oposição liderada por María Corina Machado, que considera a declaração fraudulenta, criou um portal em que diz ter apresentado mais de 80% de atas eleitorais, coletadas por testemunhas no dia da votação, que provariam a vitória de González com quase 70%. María Corina, que foi impedida de disputar o pleito, ofereceu entregar os documentos para verificação do Brasil, mas o governo rejeita uma apuração paralela, reforçando a necessidade de que o governo venezuelano apresente as atas eleitorais.

A crise eleitoral desencadeou protestos que resultaram em 25 mortes e mais de 2.400 detenções.

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