rio de janeiro

Ex-jogadora de vôlei que chicoteou entregador é atacada em suas redes sociais: "Racista"

Sandra Mathias Correia de Sá foi filmada ao desferir, ao menos, quatro chibatadas no trabalhador. Ela, que se apresenta como nutricionista, já tem outras passagens pela polícia

Mulher agride grupo de entregadores, no Rio de JaneiroMulher agride grupo de entregadores, no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução

Sandra Mathias Correia de Sá, investigada por injúria contra um entregador de aplicativo, no domingo (9), é atacada nas redes por pessoas que pedem sua prisão. Ela, que é professora de vôlei, desferiu chibatadas contra Max Angelo Alves dos Santos em São Conrado, na Zona Sul da cidade. O crime foi registrado em vídeo, com duração de cerca de um minuto, que também mostra que a mulher puxou a camisa do trabalhador e tentou socá-lo. O caso é investigado pela 15ª DP (Gávea).

Em seu perfil profissional, Sandra compartilha desde 2016 dicas para uma alimentação saudável, a rotina de treinos em sua escola de vôlei de praia, no Leblon, na Zona Sul do Rio, além de campeonatos e eventos dos quais participou. Após ser acusada de injúria racial, comentários que antes a parabenizavam por seu trabalho, deram espaço a outros que a chamam de “racista”, “desequilibrada” e “agressora”. Em alguns, as pessoas afirmam que Sandra deveria ser presa e que a ex-jogadora “não é melhor do que ninguém”. Há, inclusive, postagens com ilustrações que remetam a um escravo sendo chicoteado, em comparação ao que ela fez com o entregador de aplicativo no último domingo.

Na conta pessoal, Sandra indica ser nutricionista, ex-atleta profissional de vôlei de praia, proprietária da Escola e Centro de Treinamento de Vôlei de Praia Sandra e Elaine, que fica no Leblon. Nas publicações, pessoas mencionam suas passagens policiais: “Nas lembranças também estão suas passagens policiais e agressões racistas?”.

Engajada com a causa animal, Sandra compartilha diversas postagens para encontrar cães desaparecidos. Em uma das fotos, um homem chega a dizer que a ex-jogadora deveria ter empatia com os humanos da forma que tem com os animais: “Essa é igual a muitas dondocas que tem nos condomínios de luxo. Tratam os animais bem, mas trata o semelhante mau. Seja amável com os animais, mas principalmente com seu semelhante. Arrogância não leva a nada”.

As imagens em que Max aparece como alvo da ex-atleta de vôlei, Sandra puxa o entregador pelo uniforme, além de tentar dar um soco no rosto do homem, que é morador da Rocinha. Após essa primeira sequência de golpes, ela o alerta: “não vai embora!”.

Nesse momento, Sandra se distancia de Max, mas vai até o seu cachorro, que até então estava preso pela guia em um corrimão, e o deixa solto. Com a coleira em mãos, caminha em direção a Max.

Quando a professora se aproxima, o entregador chega a falar: “seu 'caô' não é comigo não”, mas Sandra começa a chicoteá-lo. Ao todo foram quatro golpes, dos quais, em um, o entregador conseguiu se esquivar, ao abaixar. Em um dos golpes, a mulher ainda dá um empurrão em Max.

O cachorro, solto, late enquanto a tutora termina as agressões.

— Te juro, nem acreditei, para mim ela ia pegar o cachorro e ir embora. Nunca me passou pela cabeça que ia me agredir com a coleira e me dar chicotada nas costas — contou Max, que narra ter tentado intervir numa discussão que começara anteriormente, entre Sandra e outra entregadora, Viviane Maria Souza. — Uma menina (Viviane) perguntou porque ela tem tanto ódio da gente, e aí começou a discussão delas. Foi quando ela começou a falar diversas palavras ofensivas, ameaçou a menina, avançou, agarrou a menina, puxou pelas pernas, mordeu. Ela ainda ficou correndo aqui, falou que ia matar a menina. Quando voltou, já voltou me agredindo.

O local em que ocorreram as agressões fica em frente a uma central de entregas, estabelecimento de onde o morador da Rocinha pega as entregas que faz por meio de um aplicativo. De bicicleta, ele e os colegas costumam ficar sentados nos degraus em frente à loja, localizada na Estrada da Gávea.

Max trabalha há um ano e meio como entregador, após perder o emprego como porteiro em um prédio, também em São Conrado.

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