Ex-PM vai a júri popular por morte de jovem no Ibura
Sargento reformado é julgado por crime ocorrido em 25 de julho de 2016, quando a vítima andava de bicicleta
Após dois adiamentos, o sargento reformado da Polícia Militar Luiz Fernando Borges, de 52 anos, vai a júri popular nesta terça-feira (6) pela morte de Mário Andrade de Lima, de 14 anos. O júri é realizado no Fórum Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, região central do Recife.
O ex-policial é julgado por ter matado Mário em 25 de julho de 2016, quando o adolescente andava de bicicleta com um amigo pelo bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, e colidiram com a moto do então policial.
Angustiada, a mãe do adolescente morto, Joelma Lima, torce para que a questão seja resolvida nesta terça e se diz apreensiva por ter de passar o dia olhando para o homem que tirou a vida de seu filho. Ela ainda classificou a falta do jovem em casa como uma ferida, mas que pode ser aliviada caso a justiça seja feita. “Está chegando final de ano, Natal. Mais um. Terceiro ano sem meu filho”, desabafou.
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O promotor de Justiça Guilherme Castro mostrou confiança nas provas produzidas pelo inquérito policial e na instrução judicial. Ele informou que será solicitada a condenação pelo crime de homicídio consumado e homicídio duplamente qualificado. “Por dois momentos, ele teve a oportunidade de não executar o garoto da maneira como ele executou”, pontuou.
“Não é excesso de pena, não é ter um Estado agressivo que vai destruir a pessoa que comete um crime, mas é aplicar a lei de acordo com o que ela está posta. E nesse caso aqui, a condenação, na visão do Ministério Público, ela é necessária para condenar esse tipo de atitude”, complementou o promotor.
A defesa do réu tenta sustentar a tese de legítima defesa putativa, que, segundo o advogado Maurício Gomes da Silva, é quando o indivíduo age imaginando uma situação real. “Ele imagina que naquela situação iria ocorrer um assalto e ele age conforme o direito e efetua disparos em sua defesa própria.”
Questionado sobre coronhadas dadas nos adolescentes e o fato de estarem deitados durante o ocorrido, o advogado respondeu que “essa informação foi toda criada e trazida ao inquérito policial pela própria Polícia". "Até por que as perícias tanatoscópicas e traumatológicas que foram feitas no cadáver não trazem informações concretas dessa informação, e o meu assistido nega essa informação", declarou.