Ex-presidente da Anvisa considera excessivo prazo de 60 dias para aprovação de vacina
"É excessivo esse prazo, e contraria o decreto presidencial de que a questão Covid é prioritária. Não pode nenhum processo passar na frente. [Estimar] 60 dias é temeroso", afirmou Dib
Ex-diretor-presidente da Anvisa, William Dib considera excessivo o prazo de 60 dias estimado pelo ministro Eduardo Pazuello (Saúde) para certificação de qualquer vacina contra a Covid.
Leia também
• Trump anuncia decreto para 'priorizar' entrega de vacinas aos EUA
• Governadores cobram cronograma de vacinação do Governo Federal; Maranhão aciona STF
• Governo avança na negociação para a compra de 70 mil de doses da vacina da Pfizer
"É excessivo esse prazo, e contraria o decreto presidencial de que a questão Covid é prioritária. Não pode nenhum processo passar na frente. [Estimar] 60 dias é temeroso", afirmou Dib, que presidiu a agência até dezembro do ano passado.
Ele afirmou que o corpo técnico da agência não se curva ao processo político, mas que a direção da Anvisa pode influenciar nos prazos.
"A politização da Covid começou há muito tempo. Agora que a vacina é uma realidade, não podemos imputar culpa aos técnicos da Anvisa por um possível retardamento [na autorização]".
Dib, que em seu mandato (2018-19) teve diversos embates com o governo Jair Bolsonaro, criticou a falta de preparação para a distribuição de vacinas. "Não estamos vendo um planejamento coerente. Ainda vamos dar muita cabeçada".
Ele criticou ainda o governador João Doria (PSDB), por também estar politizando a questão e ter anunciado um calendário de vacinação antes mesmo de autorização da Anvisa.
"No mínimo ele [Doria] é muito corajoso, porque não é praxe o que ele fez. É um jeito de fazer pressão política. Esse é um dos problemas. Não é só um lado que faz política, os dois estão fazendo", afirmou.