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Bolívia

Ex-presidente da Bolívia Evo Morales chama de "mentira" suposto caso de estupro de menor

Crime teria sido praticado quando o líder dos cocaleiros estava no poder, há oito anos; ministro da Justiça afirma que ex-mandatário teve um filho com a menor

O ex-presidente Evo Morales agita bandeira Tahuantinsuyo durante a 'Marcha para Salvar a Bolívia', contra seu ex-aliado, o atual presidente Luis Arce O ex-presidente Evo Morales agita bandeira Tahuantinsuyo durante a 'Marcha para Salvar a Bolívia', contra seu ex-aliado, o atual presidente Luis Arce  - Foto: Aizar Raldes/AFP

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales classificou nesta sexta-feira como "mentira" a denúncia de estupro de menor de idade pelo qual ele está sendo investigado criminalmente no seu país e garantiu que a Justiça já encerrou o caso. O suposto crime praticado pelo líder dos cocaleiros, ex-aliado e atual desafeto do presidente Luis Arce, teria ocorrido há oito anos, quando Morales ainda estava no poder. De acordo com o ministro da Justiça, César Siles, o ex-presidente teria tido um filho com a menor.

— Não consigo compreender que tipo de ministro da Justiça temos, sabendo que este caso está encerrado, porque não houve nada, é mentira — afirmou Morales em entrevista coletiva.

Morales está no meio de um escândalo que estourou na quarta-feira, quando a promotora Sandra Gutiérrez denunciou que foi afastada do cargo após assinar o pedido de prisão de Morales, ligada a uma investigação por "tráfico de pessoas", que incluía uma menor de idade. O pedido foi indeferido. Após essa decisão, o governo boliviano, através de dois ministérios e do próprio presidente, anunciou separadamente cinco medidas concretas, incluindo a revogação da decisão que suspendeu a prisão e ações contra a autoridade que a suspendeu, segundo o jornal local Los Tiempos.

De acordo com o ministro da Justiça, César Siles, as ações do juiz "foram ilegais, arbitrárias e violaram o procedimento penal e constitucional."

Entre as medidas também está o pedido de Arce à Justiça para que a investigação corra sob segredo de Justiça para proteger a vítima e evitar a politização do caso, já que, na sua visão esta é uma "questão extremamente delicada". Ele também afirmou que o governo "nunca utilizará um caso tão delicado [...] como uma questão política".

O ex-presidente — que rompeu relações com Arce e hoje rivaliza com ele pela liderança do partido governista, o Movimento ao Socialismo (MAS), e indicação para concorrer a Presidência no ano que vem — também disse nesta sexta-feira que a denúncia faz parte de uma "perseguição política" do governo para "desgastar" sua imagem e sua provável candidatura.

— Há uma resolução fiscal de rejeição [...] por estupro qualificado, eles investigaram durante um ano e não há nada e não haverá nada porque é mais uma mentira — disse.

O governo Arce determinou ainda que também fará parte da acusação através do Ministério da Justiça e que será acionado o projeto de lei de imprescritibilidade dos crimes contra menores, afirmando que é prioridade do governo "cuidar das crianças".

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