Logo Folha de Pernambuco

Honduras

Ex-presidente de Honduras protegia traficantes, diz acusação em julgamento em NY

Hernández foi denunciado por três acusações

Ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández Ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández  - Foto: Reprodução

O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, combatia o tráfico de drogas publicamente, mas protegia os traficantes no âmbito particular, acusou nesta quarta-feira (21) a promotoria de Nova York, durante o julgamento que pode levar o ex-governante à prisão perpétua.

Após a seleção do júri que decidirá o destino de Hernández, acusação e defesa apresentaram suas versões, antes de ouvirem a primeira testemunha, um ex-contador que já havia testemunhado no julgamento do irmão do ex-presidente, Tony Hernández, que cumpre prisão perpétua.

"Este poderoso político mantinha em público um discurso no qual dizia combater o tráfico de drogas, mas se associava aos narcotraficantes por trás das portas" para proteger as remessas de droga destinadas aos Estados Unidos, afirmou a promotoria, "abusando" do apoio do Exército, da polícia e da Justiça em troca de "milhões de dólares em propina".

A promotoria acusa o advogado e político de 55 anos de ter protegido uma rede que enviou mais de 500 toneladas de cocaína aos Estados Unidos entre 2004 e 2022, um esquema que começou quando ele ainda era deputado e presidia o Congresso.

Concretamente, Hernández foi denunciado por três acusações: conspirar para fabricar e importar drogas aos Estados Unidos, usar e portar armas no contexto do tráfico de drogas e conspirar para usar e portar armas no contexto do tráfico de drogas. Se for considerado culpado de todas as acusações, ele pode receber três condenações de prisão perpétua e mais 30 anos.

A defesa, no entanto, pediu aos jurados que não acreditassem em tudo o que a promotoria alega, e muito menos no que as principais testemunhas possam dizer, muitas delas condenadas que terão suas penas amenizadas por sua colaboração, e agem por "vingança" contra aquele que selou seu destino.

Os advogados sustentam que medidas tomadas durante a presidência de Hernández ajudaram Honduras a reduzir os homicídios e o tráfico de drogas para os Estados Unidos, como a promoção de "dezenas de leis" para enfrentar esta mazela e a criação de una força especial de combate ao tráfico.

"Vocês não vão ver nenhum vídeo de recebimento de dinheiro, nem e-mails, nem mensagens, nem nenhum sinal de riqueza pessoal" que confirme as acusações da promotoria, afirmou a defesa.

Por sua vez, a primeira testemunha convocada pela promotoria, José Sánchez, que foi contador durante 15 anos da empresa Graneros Nacionales, situada perto de Puerto Cortés, o principal porto de Honduras, disse que havia visto o então mandatário e um sócio de seu irmão Tony Hernández reunidos em duas ocasiones na sede da empresa citada para falar de droga e de proteger "quem a fornecia".

Repetiu o que já disse em julgamentos anteriores, que o acusado disse ao sócio de Tony Hernández: "Vamos enfiar droga em seus narizes [dos americanos] e eles nem vão se dar conta."

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter