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CRIME

Ex-secretário municipal do Rio é investigado em bando que planejava furtar trilhos do metrô

Trilhos do metrô do Rio seriam desviados para o metrô de São Paulo

William CoelhoWilliam Coelho - Foto: reprodução

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio deflagraram, na manhã desta quarta-feira (3), a terceira fase da Operação Resina, com o objetivo de desarticular uma quadrilha especializada no furto qualificado de cargas de caminhões. Segundo as investigações, os criminosos furtavam caminhões com materiais como aço, ferro e resina e, após o furto, se organizavam para distribuir a carga, por meio de receptação qualificada e corrupção ativa e passiva. De acordo com a polícia, o bando planejava furtar trilhos do metrô do Rio e desviar para o metrô de São Paulo.

Ao todo, a Justiça expediu sete mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão. Um dos alvos de busca é o ex-secretário municipal de Ciência e Tecnologia do Rio e vereador William Coelho.

Até o momento, cinco pessoas já foram presas. Uma delas é o ex-policial Edson dos Santos Filho, pai de William Coelho, preso em flagrante por estar com uma arma sem registro. Ele era alvo de mandado de busca e apreensão e foi localizado em casa, na Praia de Sepetiba. No imóvel ainda foram encontrados R$ 15 mil em espécie e R$ 300 mil em cheques.

O ex-secretário municipal de Ciência e Tecnologia do Rio Willian Coelho (DC) é um dos alvos de mandado de busca e apreensão nesta operação. Ele deixou o cargo em 5 de julho para poder concorrer à eleição. Desde então, ocupa o cargo de vereador. Nessa terça-feira (2) foi o primeiro dia de plenário após o recesso e da saída do governo. William Coelho esteve na sessão normalmente. No retorno, conversou longamente com os colegas. O parlamentar está em seu terceiro mandato como vereador, tem 38 anos e é bacharel em Direito pela Universidade Estácio de Sá. Procurado, o prefeito Eduardo Paes ainda não comentou.

Até as 8h10 desta quarta, a publicação mais recente de Paes nas redes foi feita em seu perfil oficial no Twitter, às 6h32. Na mensagem, o prefeito fala sobre o estádio para o Flamengo e a reforma de São Januário, do Vasco, na cidade. Ele compartilha a matéria do Globo sobre o termo potencial construtivo, centro da questão sobre as obras. O prefeito também não compareceu à coletiva da prefeitura sobre o esquema para o Rock In Rio, realizada nesta manhã.

Segundo os investigadores, a organização criminosa teria movimentado ao menos R$ 3 milhões em desvio de cargas e materiais. Ao todo foram expedidos sete mandados de prisão e até o final da manhã desta quarta-feira, cinco pessoas, entre elas o pai do vereador William Coelho, foram presos.

A informação de que trilhos do metrô do Rio seriam desviados para o estado de São Paulo surgiu em meio à investigação e, para tentar evitar o furto do material, a operação foi antecipada. De acordo com os investigadores as empresas que administram o metrô de São Paulo não têm participação no esquema. A polícia investigará se os acusados teriam a intenção de transformar o material para revender a outros compradores.

— Encontramos tratativas para o desvio do furto do metrô. Não temos informação que esse furto se efetuou. A gente não tem comprovação que essa transação se consumou. O MP ofereceu denúncia contra 21 pessoas e o William Coelho não foi denunciado. Foi alvo de busca e apreensão porque encontramos uma tratativa do desvio dos trilhos. Por esse motivo fizemos a busca e apreensão para apurar os fatos. Sabemos que seria uma carga de trilho do metrô do Rio, mas não sabemos de onde sairia essa carga, se de uma estação ou de uma nova carga, por exemplo. Tivemos que antecipar a operação para evitar esse furto — afirmou Rogério Sá Ferreira, promotor do Gaeco.

Até o momento o vereador não compareceu à Cidade da Polícia prestar esclarecimentos sobre sua suposta participação. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em sua casa e no seu gabinete, no Palácio Pedro Ernesto.

Como o grupo agia
A investigação comprovou a participação de 21 pessoas, que associavam-se a funcionários de transportadoras, em geral motoristas de caminhões. Aproveitando-se da confiança de seus empregadores, eles recebiam as mercadorias a serem transportadas e entregavam a carga aos demais integrantes do grupo.

Após os furtos, eram feitos falsos registros de ocorrência em delegacias distantes do local do suposto roubo. Para a confecção de alguns desses registros falsos, segundo a polícia, houve a participação de dois policiais civis do estado de São Paulo, que tiveram seu afastamento determinado pela Justiça. Os dois foram denunciados por corrupção passiva.

Do total de 21 denunciados, sete tiveram a prisão preventiva decretada, entre eles quatro empresários, que agiam como intermediários e, por vezes, receptadores, pois disponibilizavam local para o armazenamento das cargas furtadas até o seu destino, seja repassando para um receptador final, seja vendendo para um comerciante de boa-fé.

Outros três alvos dos mandados de prisão eram proprietários de caminhões, que usavam os veículos para subtrair as cargas. Eles também eram responsáveis pelo recrutamento de motoristas para o esquema criminoso e pelo contato com os intermediários dos receptadores.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados aos empresários, proprietários de caminhões, motoristas e intermediários na capital, em Duque de Caxias, Piraí, Mesquita e Nova Iguaçu, além das cidades paulistas de Piracicaba, Ribeirão Pires, Guarulhos e São Paulo. A Justiça também determinou a apreensão de 12 caminhões utilizados pela organização criminosa para os furtos das cargas.

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