Ex-tenente da PM de Alagoas que cursa medicina em Olinda é preso em operação contra facção criminosa
Prisão foi em 14 de março, mas divulgada nesta quinta-feira (23)
Um ex-tenente da Polícia Militar de Alagoas, que cursa Medicina em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), foi preso pela Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Face Oculta. Ele é integrante de uma facção criminosa.
De acordo com a PF, a prisão aconteceu num apartamento no Bairro Novo, onde ele residia com outros universitários. A polícia disse que o ex-oficial passava a semana em Olinda e voltava para Alagoas nos finais de semanas. Um celular, um tablet e um carro foram apreendidos. A prisão foi em 14 de março, mas divulgada nesta quinta-feira (23).
"Após audiência de custódia, a Justiça de Alagoas relaxou a prisão de quatro envolvidos, porém, permaneceu com a prisão do ex-oficial da Polícia Militar", disse a PF.
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O ex-policial foi expulso da corporação em janeiro. No início de março, ele conseguiu liminar para que o estado de Alagoas lhe reintegrassse ao quadro de oficiais, mas a decisão ainda não foi cumprida.
"De acordo com as investigações o militar é ex-cunhado do líder do PCC que foi morto em 2017 dentro de um condomínio de alto padrão em Maceió, em confronto com a PF. O traficante assumiu identidade falsa e vivia uma vida de luxo na capital alagoana", disse a polícia.
O objetivo da operação foi desarticular a organização criminosa que atua em Alagoas que tem a lavagem de dinheiro como principal prática criminosa.
Ao todo, foram seis mandados de prisão, 16 mandados de busca e apreensão, bloqueio de contas e ativos financeiros e sequestro de bens dos investigados determinadas pela 17ª Vara Criminal de Maceió. Além de Olinda e Maceió, mandados foram cumpridos em Marechal Deodoro/AL, Penedo/AL, Natal/RN, Fernandópolis/SP e São José do Rio Preto/SP.
Operação
As investigações apontaram o esquema criminoso que já havia sido reprimido em 2017 e voltou a ser praticado:
"Em dezembro de 2017, a Polícia Federal deflagrou a Operação Duas Faces em Maceió visando estancar o plano criminoso de integrante do PCC de São Paulo que tinha se estabelecido em Alagoas e, fazendo uso de nome falso, passou a adquirir imóveis e bens de alto valor, mostrando-se como se fosse um empresário de sucesso. Ocorre que, aparentemente, os então réus não pararam de cometer delitos. Segundo novas investigações, após a morte do líder, verificou-se que a família da viúva passou a contar, a partir de 2018, com o apoio de seu advogado para continuar recebendo vultuosas quantias de dinheiro em espécie provenientes do estado de São Paulo"
A polícia disse ainda que, durante as investigações, constatou-se que a viúva alagoana recebeu entre 2018 e 2019 malas de dinheiro em Alagoas. "Para tanto, contou com a participação do advogado que passou a organizar viagens para São Paulo com o objetivo de trazer o dinheiro ilícito. Destaque-se que alguns militares foram contratados para 'escoltar' o dinheiro de São Paulo a Maceió", acrescentou a PF.
No ano passado, a PF descobriu em 2022 que o grupo estava movimentando milhares de reais de origem desconhecida através de contas bancárias em nome de terceiros, que "emprestavam suas contas bancárias para possibilitar o recebimento de valores, que eram sacados no caixa e entregue aos beneficiários do esquema". Eles também utilizaram empresas de fachada para a movimentação de valores.
Os envolvidos responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, estelionato e participação em organização criminosa.