Exame Nacional de Magistratura: Abayomi oferece webinar gratuito para negras e indígenas
Aula, com foco no Exame Nacional de Magistratura, será no próximo sábado (20). Inscrições já podem ser feitas
A Abayomi vai oferecer para mulheres que querem se habilitar para Exame Nacional de Magistratura (ENAM) uma aula inaugural, preparatória e on-line, totalmente gratuita. O certame está programado para ocorrer em outubro.
O webinário MADA & ENAM será no próximo dia 20, das 10h às 12h, e as inscrições já podem ser feitas. "Nosso objetivo é habilitar a candidata, deixando ela confiante e preparada para realizar o sonho de vestir a toga e enegrecer a magistratura”, conclui.
As interessadas podem se inscrever através do site.
"Tem vaga sobrando"
No Brasil, existe uma lei que determina que ao menos 20% das vagas ofertadas em concursos para magistratura (juízas/juíz) sejam reservadas para candidatos autodeclarados negros e indígenas. Acontece que essas vagas não são todas preenchidas. “Tem vaga sobrando”, avisa Chiara Ramos, procuradora Federal e presidenta da Abayomi Juristas Negras.
De acordo com a procuradora, um dos motivos para esse cenário, é a falta de acesso à preparação para o concurso, o que deixa principalmente as mulheres candidatas negras e indígenas, com menos chances de aprovação.
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“A desigualdade reflete também na hora de competir. Muitas precisam trabalhar, ficando com menos tempo para os estudos, a renda familiar às vezes não permite a compra de livros ou matrícula em cursos preparatórios e por aí vai”, exemplifica Chiara.
Abayomi
Foi a partir dessa realidade que Chiara co-criou, junto a outras mulheres negras, a Abayomi, uma organização sem fins lucrativos, que tem como missão promover os direitos humanos e a equidade étnico-racial, por meio da maior participação da população negra e indígena nos espaços de poder e saber, oferecendo preparação para concursos públicos dentro do sistema de justiça.
Entre os cursos oferecidos estão: magistratura, defensoria pública, procuradoria e exames da OAB.
Chiara diz que a falta de representatividade também conta na hora da escolha da carreira. “Se a pessoa negra ou indígena não se vê ocupando cargos de poder, ela nem cogita a possibilidade de se candidatar”, diz.
É por isso que Chiara e toda a equipe da Abayomi investe sistematicamente na preparação, principalmente de mulheres da área do direito que almejam o cargo público.
“A gente vive uma hipertrofia no poder judiciário, um momento em que a caneta do juíz pesa muito, é um grande poder e, portanto, nós precisamos ocupar esse espaço e ter essa caneta da decisão na mão”, reforça.
“A justiça é uma mulher negra e ela só se fará presente no sistema judiciário quando as mulheres estiverem lá dentro”, diz Chiara Ramos, lembrando que julho é o mês da Mulher Negra Latino e Caribenha.