Exército de Israel recupera corpo de pelo menos mais 1 refém do Hamas mantido em túnel subterrâneo
Vítima encontrada foi Yosef al-Zaydni, de 53 anos; homem fazia parte da comunidade beduína, parte da minoria palestina de Israel que possui cidadania israelense
As Forças Armadas de Israel recuperaram o corpo de um refém mantido na Faixa de Gaza, anunciou o Exército nesta quarta-feira, acrescentando que está identificando outros restos mortais que podem permanecer a outro cativo mantido no enclave. Segundo o Estado judeu, a vítima encontrada foi Yosef al-Zaydni, de 53 anos. Ele estava em um túnel subterrâneo e foi achado durante uma operação na cidade de Rafah, no sul de Gaza.
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Além dele, o Exército israelense indicou ter encontrado evidências que levantaram “sérias preocupações” sobre a vida de Hamzah, filho de al-Zaydni, que também foi capturado em 7 de outubro de 2023. O comunicado das forças de Israel sugere que ele pode ter morrido em cativeiro. Mais cedo, o ministro da Defesa, Israel Katz, disse que as tropas haviam localizado e recuperado o corpo de Hamza. Depois, porém, as autoridades voltaram atrás.
A recuperação do corpo de al-Zaydni ocorre enquanto Israel e o grupo terrorista Hamas negociam um acordo de cessar-fogo que libertaria os reféns e interromperia os combates no enclave palestino. O Estado judeu acredita que pelo menos um terço dos 99 reféns restantes em Gaza estejam mortos. No entanto, al-Zaydni e Hamzah eram considerados vivos antes do anúncio desta quarta-feira, publicou a agência Associated Press.
Em comunicado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressou “profunda tristeza pela amarga notícia”. Talal Alkerwani, prefeito da cidade natal de al-Zaydni, porém, disse em nota que, “em vez de trazê-los de volta vivos para suas famílias”, a comunidade local tem recebido os reféns “de volta como cadáveres”.
Agora, as notícias sobre o destino deles podem aumentar a pressão sobre Israel para avançar com um acordo. Muitas famílias de reféns dizem que a continuação da guerra Israel x Hamas coloca em risco a vida das vítimas sequestradas. Durante todo o conflito, iniciado após o ataque sem precedentes do Hamas contra o sul israelense em outubro de 2023, familiares pedem que Israel chegue a um acordo com o grupo palestino para libertar seus entes queridos.
“O acordo negociado chega tarde demais para Youssef al-Zaydni, que foi levado vivo e deveria ter retornado da mesma forma. Cada dia em cativeiro representa um perigo mortal imediato para os reféns que conseguiram sobreviver por 15 meses, e ameaça a possibilidade de trazer de volta os falecidos para o enterro”, disse em nota o Fórum das Famílias de Reféns, organização civil criada para auxiliar as vítimas do atentado de 7 de outubro e seus familiares.
Al-Zaydni, que tinha duas esposas e 19 filhos, trabalhava no Kibutz Holit, no sul de Israel, há 17 anos, segundo o Fórum das Famílias dos Reféns. Ele e outros três de seus filhos estavam entre os 250 reféns levados pelo Hamas durante o ataque. Seus filhos adolescentes, Bilal e Aisha, foram libertados em um acordo de cessar-fogo de uma semana em novembro. Em outubro passado, Ali al-Zaydni, irmão de Youssef, disse ao jornal israelense Haaretz que sentia que a luta pública por um acordo para a libertação dos reféns havia chegado a um impasse.
— A incerteza é insuportável, e o governo os esqueceu — disse.
A família de al-Zaydni fazia parte da comunidade beduína, parte da minoria palestina de Israel que possui cidadania israelense. A comunidade tradicionalmente nômade é particularmente empobrecida no Estado judeu e tem sofrido com o descaso e a marginalização. Os palestinos constituem cerca de 20% da população de 10 milhões de Israel, e milhões mais vivem em Gaza e sob ocupação militar israelense na Cisjordânia, publicou a AP. Ao todo, oito membros da minoria beduína de Israel foram sequestrados nos ataques de 7 de outubro de 2023.
O ataque do Hamas em Israel matou cerca de 1,2 mil pessoas. A guerra de retaliação de Israel contra o grupo palestino em Gaza já matou mais de 45,8 mil palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde do território. Ele não diz quantos eram combatentes, mas afirma que mulheres e crianças constituem mais da metade das fatalidades. Por sua vez, o Exército israelense diz, sem fornecer evidências, que matou mais de 17 mil membros do grupo.