Exército reúne lideranças para discutir medidas de combate a desastres climáticos na RMR
A "Jornada sobre Operações de Ajuda Humanitária" aconteceu no Quartel-General do Comando Militar do Nordeste, no Recife, nesta quarta-feira (19)
O Exército Brasileiro reuniu líderes e referências no combate a desastres climáticos nesta quarta-feira (19). A "Jornada sobre Operações de Ajuda Humanitária" aconteceu no Quartel-General do Comando Militar do Nordeste, no Recife, com espaço para debate e proposição de medidas de prevenção a tragédias.
O evento teve como mote as chuvas que atingiram Pernambuco em 2022. Ao todo, o desastre ambiental, pior da história do Estado, deixou 133 mortos, e afetou 120 mil habitantes. O Grande Recife foi um dos pontos mais atingidos e, somente em Jaboatão dos Guararapes, houve o registro de 64 mortes.
"Da minha parte, sei que esse evento chega muito mais para eu ouvir do que falar. Isso porque ele foi desenvolvido para repassar conhecimentos para que o Exército Brasileiro possa realizar bem o trabalho de combater tragédias e calamidades. É uma missão na qual o Exército vem atuando ao longo desses anos, como, por exemplo, com o resgate de mais de 71 mil pessoas vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado", explicou o comandante militar do Nordeste, General de Exército Maurílio Miranda Netto Ribeiro.

"Esses resultados têm vindo cada vez com maior êxito por dois fatores. O primeiro é que aproveitamos cada situação que nos acometem para absorver a maior quantidade de conhecimento para favorecer o povo brasileiro. Além disso, cada estado brasileiro já está conseguindo agir em conjunto, colaborativamente, levando em consideração toda a experiência adquirida, o que também beneficia a população. Sozinhos faremos nada, mas juntos realizaremos muitas coisas", completou.
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Mesa redonda
A programação da Jornada sobre Operações de Ajuda Humanitária incluiu uma mesa redonda, das 9h às 12h, onde atores que atuaram durante a fortes chuvas discutiram os pontos fortes e oportunidades de melhorias gerados desse desastre ambiental.
A Folha de Pernambuco foi convidada pelo Exército Brasileiro para participar do momento por sua contribuição na cobertura jornalística do desastre ambiental. O jornal foi representado pelo repórter Thalis Araújo, que refletiu sobre o papel do jornalista na cobertura de desastres.
"Quando a gente se depara diante de uma cobertura, como em maio de 2022, refletimos sobre o papel do jornalista. E esse nosso lado profissional é o de ajudar as pessoas. São vidas que sofrem, que se perdem diante de tanta calamidade. Ao analisar os jornais da época, tantos assuntos foram pauta e manchete, mas, quando viramos a página para o dia 28, tudo foi direcionado para as chuvas. Quando saímos para cobrir as chuvas, encontrávamos aquele semblante de tristeza, um momento delicado da nossa história", afirmou.
O objetivo é reunir também especialistas no tema e acadêmicos e membros da sociedade civil para um debate qualificado e construtivo. Com isso, participaram também o Coronel R1 Helder de Barros Guimarães, que também é professor, doutor e pesquisar da área; o tenente-coronel George Vitoriano, gerente da Gestão de Riscos da Defesa Civil de Pernambuco; e o Coronel R1 Sérgio Murilo Pereira da Silva, que atuou na proteção da população em 2022.
Durante sua exposição, o Coronel Helder de Barros Guimarães chamou atenção para a importância do trabalho das Forças Armadas para prevenir desastres climáticos.
"O que percebemos é que esses eventos extremos acontecem com uma frequência cada vez menor. O Exército, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros precisam também se preparar cada vez mais. Todas essas mudanças climáticas estão refletidas da defesa, já que elas impactam as vidas das pessoas. As Forças Armadas tem um papel importante, definido por lei, e também para o que a sociedade espera. As Forças Armadas atua nesse apoio logístico, saúde e no comando de controle e comunicação", pontuou.
O Coronel Sérgio Murilo Pereira da Silva, hoje na Reserva do Exército, atuou na linha de frente em Pernambuco durante aquele maio de 2022. Ele destacou a agilidade das Forças Armadas como ponto central do trabalho realizado.
"Em poucas horas já estávamos com equipes nas ruas, logo no primeiro dia de chuvas, para prestar apoio à população. E esse apoio precisa vir em diversas frentes, diferente do que muitos podem pensar. O Exército Brasileiro está disponível o tempo inteiro para toda a população, e o foco e compromisso com esse atendimento são essenciais para mitigar os efeitos desses desastres climáticos", disse.
Ano a ano, para prevenir desastres climáticos, há ainda o trabalho importantíssimo feito pela Defesa Civil do Estado, responsável por montar as operações e articular com municípios maneiras de combate a desafios durante períodos de vulnerabilidade. Para o tenente-coronel George Vitoriano, esse processo precisa ser realizado em conjunto com os municípios do Estado e com o Ministério Público para combater futuros desastres.
"Ao longo desses anos estamos aprendendo com todos esses eventos extremos, e precisamos entender que não podemos realizar esse trabalho sozinhos. Por isso que falamos em sistemas, parcerias com os setores de saúde, educação e recursos hídricos do Estado. Na nossa Operação Inverno visitamos todos os municípios mais suscetíveis a eventos climáticos e passamos orientações para que eles também participem e se preparem para esse período de grande vulnerabilidade", explicou.
Programação
Ainda nesta quarta, a programação segue na parte da tarde, das 13h às 16h, quando será realizado um simpósio com apresentações de Instituições Governamentais, abordando suas atuais capacidades, limitações e formas de apoio. Também será feita uma apresentação do Exército Brasileiro com o mesmo objetivo.