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Disputa

Exploração de petróleo em Essequibo avança apesar de ameaças da Venezuela, diz presidente da Guiana

Na semana passada, Maduro disse que petroleiras têm até três meses para sair do território, contestado por Caracas

Vista aérea da região de Essequipo, território da Guiana disputado pela VenezuelaVista aérea da região de Essequipo, território da Guiana disputado pela Venezuela - Foto: Roberto Cisneros/ AFP

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, declarou nesta segunda-feira (11) que as grandes petroleiras que operam nas águas do país “avançam agressivamente”, apesar das ameaças da Venezuela de assumir o controle da região de Essequibo.

Falando de Georgetown, Ali disse que as tropas da Guiana estão preparadas para defender o território do país depois que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reavivou uma disputa há muito tempo adormecida sobre a região de Essequibo, onde foram feitas grandes descobertas de petróleo nos últimos anos.

As empresas que operam no local não se intimidaram com as ordens do líder venezuelano para deixar a região, acrescentou o presidente da Guiana.

— Não há absolutamente nenhuma desaceleração — disse Ali em entrevista por vídeo nesta segunda-feira a respeito da produção. — Estamos do lado certo do direito internacional, do lado certo da ética e do lado certo da história.

Maduro disse na semana passada para a petroleira americana ExxonMobil e outras se retirarem da área dentro de três meses, deixando o Brasil e outras nações latino-americanas em alerta máximo sobre a possibilidade de um conflito armado na região. A Exxon lidera uma joint venture no bloco Stabroek, na Guiana, onde fica a maior descoberta mundial de petróleo bruto da última década.

Ali e Maduro devem se encontrar na quinta-feira na nação insular de São Vicente e Granadinas, numa tentativa de diminuir a tensão. A disputa intensificou-se nos últimos anos, já que as enormes descobertas de petróleo ao largo da costa da Guiana levaram a pequena nação de língua inglesa a tornar-se a economia de crescimento mais rápido do mundo.

As estimativas de que a economia da Guiana crescerá entre 25% e 30% ao ano no médio prazo são “muito conservadoras”, disse Ali, que tem como meta mais de 1,2 milhão de barris de produção diária nos próximos anos.

— Continuamos a garantir que estamos em posição com os nossos parceiros internacionais para defender o que é nosso — disse Ali. — Mas não se engane, nossas tropas vão garantir que a integridade territorial e a soberania da Guiana sejam respeitadas.

Mediação de Lula
A beligerância em relação à Guiana colocou pressão sobre o relacionamento de Maduro com o Brasil, ao forçar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a mediar o conflito entre seus vizinhos do norte. Num telefonema no sábado, Lula disse a Maduro para evitar medidas unilaterais que pudessem aprofundar a crise, segundo comunicado da assessoria de imprensa de Lula.

Lula havia sido convidado a pedido dos dois países, mas o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, irá em seu lugar, segundo um funcionário do governo familiarizado com as negociações. A reunião está sendo organizada pela Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e pela Comunidade do Caribe.

O apoio de Lula tem sido “inabalável”, disse Ali. O bom relacionamento está beneficiando o Brasil, já que os países constroem um porto de águas profundas na costa da Guiana, que permitirá que o tempo de transporte da produção do norte do país para o Atlântico seja reduzido em até oito dias, disse ele.

— Queremos que a região saiba que faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que a região permaneça pacífica e estável — disse Ali. — Temos a responsabilidade de garantir que exploramos todos os caminhos para que a Venezuela reduza este nível de agressão e ameaça e, em seguida, avancemos em direção a uma coexistência pacífica.

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