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Estados Unidos

Explosão de fentanil em comprimidos preocupa promotora antidroga de NY

Bridget Brennan apreendeu cerca de um milhão de comprimidos da droga em 2022

A promotora especial de narcóticos da cidade de Nova York, Bridget G. Brennan, fala durante entrevista em seu escritório sobre Fentanyl, em Nova YorkA promotora especial de narcóticos da cidade de Nova York, Bridget G. Brennan, fala durante entrevista em seu escritório sobre Fentanyl, em Nova York - Foto: Johannes Eisele/AFP

Após a heroína e o fentanil em pó, as organizações criminosas ampliam o mercado das drogas ilegais nos Estados Unidos com comprimidos de fentanil, adverte preocupada a promotora antidrogas de Nova York, Bridget Brennan, em uma entrevista à AFP.

Ela diz  que estamos vendo são misturas mortais. A xilazina agora se mistura com o fentanil. E a xilazina não é um opioide, é um sedativo, um tranquilizante para animais (...) Essa mistura não é apenas mortal, mas também muito destrutiva. Agora vemos que o fentanil também é fabricado em comprimidos, frequentemente no México, às vezes, nos Estados Unidos. Vemos uma autêntica explosão de comprimidos confiscados. No ano passado, em Nova York, apenas meu gabinete apreendeu cerca de um milhão de comprimidos de fentanil (425% a mais que em 2021). E o fenômeno continua se expandindo. Os comprimidos são distribuídos pelas redes sociais e pela Internet. Podem imitar a marca do Xanax, a oxicodona, o Adderall (medicamento contra o déficit de atenção). É uma forma de as organizações criminosas ampliarem seu mercado. Fico preocupada, porque as pessoas que compram pelas redes sociais e pela Internet podem estar muito mais confiantes do que aquelas que compram na rua. E pode ser que não tolerem o fentanil. Podem pensar que compram Adderall, mas o que estão comprando é fentanil.

Com quais instrumentos vocês contam para lutar contra o tráfico?
O melhor que podemos fazer é retirar a maior quantidade de drogas possível do mercado. Outra coisa muito importante é tentar impedir o envio de dinheiro para o México, e que agora também volta para a China (países que os EUA consideram como a origem do tráfico).

Há inúmeras formas de se enfrentar o problema, mas o mais importante é que podemos controlá-lo de uma forma, ou outra, nos Estados Unidos. Trata-se de reduzir a demanda por drogas, o número de pessoas que querem consumir drogas e tratar as pessoas com dependência. O que gostaria de ver é um programa de prevenção eficaz. Mensagens honestas que expliquem o que são as drogas, as consequências do consumo com palavras simples, que não tentem aterrorizar as pessoas, mas sim educá-las e, em particular, os menores. Frequentemente, o abuso das drogas e das substâncias começa cedo. E, se conseguirmos educar como fizemos com o cigarro, no final, vamos ver uma queda na demanda.

Há pontos cegos na luta?
A tendência que mais me preocupa, para citar apenas uma, é que parecemos incapazes de trabalhar de forma eficaz com o México para controlar a produção e a distribuição das drogas. Os Estados Unidos são um país rico que tem muitos consumidores de drogas. Precisamos de uma estratégia mais eficaz para trabalhar com o governo (mexicano). Quanto mais droga compramos, mais reforçamos os cartéis, que corrompem o governo mexicano e afetam a vida dos mexicanos. É um círculo vicioso. Gostaríamos de jogar toda a culpa no México, mas somos nós que consumimos drogas, somos nós que reduzimos o número de programas de tratamento, e não vemos mais muitas campanhas de prevenção diretas, claras e bem-feitas nos Estados Unidos. Portanto, não nos concentramos sobre todos os aspectos do problema.

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