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INTERNACIONAL

Extrema direita do Vox entra em terceiro governo regional na Espanha

A menos de um mês das eleições gerais antecipadas, a direita espanhola avança nas pesquisas e ameaça o governo do primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro SanchezO primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez - Foto:

Os conservadores e a extrema direita da Espanha anunciaram, nesta sexta-feira (30), um acordo para formar o governo na região de Extremadura, no sudoeste do país. É a terceira região espanhola em que à ultradireita do Vox se une a direita tradicional do Partido Popular (PP) para governar, depois do avanço do voto conservador revelado nas eleições regionais de 28 de maio. A derrota histórica da esquerda levou o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, a antecipar as eleições gerais para 23 de julho.

O novo governo regional do PP com o Vox será liderado por María Guardiola (PP) e o partido ultranacionalista ocupará a secretaria de Gestão Florestal e Mundo Rural, informaram os partidos em um comunicado conjunto.

Extremadura é a terceira região da Espanha onde a extrema direita entra em uma coalizão de governo, depois de Castela e Leão, no ano passado, e Valência, uma das mais ricas do país, onde se alcançou o acordo em meados de junho, após as eleições regionais.

A menos de um mês do pleito legislativo antecipado, as pesquisas dão ao PP uma cômoda vantagem sobre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) de Sánchez, mas sem maioria absoluta no Parlamento, o que o obrigaria a negociar com o Vox para chegar a essa maioria.

De acordo com uma análise dos números de intenção de voto feita pelo El País, a coalizão de direita aparece como opção mais provável, em um quadro surpreendente para um país que tendeu à esquerda por grande parte dos anos que sucederam o fim da ditadura franquista, em 1975. Ainda segundo o El País, a vantagem da união das direitas ainda é pequena se considerada a margem de erro das pesquisas, o que manteria vivas as chances do premier socialista.

As sondagens também indicam que a extrema direita do Vox poderá sair das urnas como a terceira força no legislativo espanhol e algumas pesquisas indicam que, ao se unir ao PP, os dois partidos sozinhos já teriam a maioria absoluta de 176 cadeiras no Parlamento. Em qualquer cenário, é praticamente certo que não haverá maioria única e a vitória de qualquer um dos lados vai depender da habilidade política de atrair os partidos menores e forjar a maior coalizão possível para alcançar o poder.

Guinada à direita
Após os resultados amplamente favoráveis à direita em maio, o Vox chegou ao governo de dez grandes cidades espanholas, por meio da mesma coalizão com os conservadores do PP. A cidade medieval de Toledo, que fica a 1h de trem da capital, Madri, e Burgos, no Norte do país, estão entre os municípios que elegeram a maioria dos representantes locais na coalizão PP-Vox.

O PP foi o principal vencedor das eleições regionais, quando estavam em jogo os governos de 12 das 17 regiões autônomas espanholas, além dos municípios. Os conservadores, que governaram a Espanha mais recentemente de 2011 a 2018, ganharam 6 regiões antes controladas pela esquerda, além de cidades importantes como Valência, a quarta maior do país. Em vários casos, o PP precisou do Vox para governar.

Em Castela e Leão, a primeira região espanhola onde os ultranacionalistas entraram para o governo, a lista de polêmicas provocadas pela pauta extremista do Vox só aumenta. A plataforma ultranacionalista do partido — que se firmou a partir da reação conservadora às tentativas separatistas, na Catalunha, em 2017 — vai além do discurso anti-imigração e encampa bandeiras de costumes comuns a movimentos de extrema direita ao redor do mundo.

Em uma iniciativa — inspirada na Hungria do autoritário Viktor Orbán — o partido apresentou proposta para que médicos fossem obrigados a expor mulheres que decidam por um aborto a escutar os batimentos cardíacos e ver imagens de ultrassom do feto. As críticas de associações médicas barraram a medida, em um país que legalizou o aborto em 2010. O Vox também provocou reações na comunidade LGBTQIA+ ao, por exemplo, proibir a iluminação do Parlamento local com as cores do arco-íris no dia do orgulho.

Em Extremadura, apesar de ocupar apenas a pasta do Meio Ambiente, o Vox chega ao poder com uma plataforma que inclui "revisão de políticas verdes" com a derrubada de proteções ambientais e nenhuma proposta ligada ao combate às mudanças climáticas. (Com AFP e El País)

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