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Extrema direita tem vitória histórica na Itália

Vitória histórica do partido de Giorgia Meloni nas eleições legislativas

Giorgia Meloni, líder do partido Irmãos da ItáliaGiorgia Meloni, líder do partido Irmãos da Itália - Foto: Andreas SOLARO / AFP

A extrema direita conquistou neste domingo (25) a terceira maior economia da União Europeia, com uma vitória histórica do partido de Giorgia Meloni nas eleições legislativas na Itália, país que, pela primeira vez desde 1945, está prestes a ser governado por uma liderança pós-fascista .

O partido Irmãos da Itália, liderado por Georgia, consolidou-se como maior força e encabeçava neste domingo as eleições no país europeu, segundo pesquisas de boca de urna, um fato sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

A formação pós-fascista obtinha entre 22% e 26% dos votos, bem acima de seus aliados de extrema direita do Liga, de Matteo Salvini (8,5-12,5%), e Força Itália, (6-8%), do conservador Silvio Berlusconi.

Pela primeira vez desde 1945, um partido que tem origem na tradição neofascista irá governar a Itália, graças ao fato de ter se apresentado com uma coalizão de direita que obteria no total entre 36,5% e 46,5% dos votos. "Temos uma vantagem clara, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado", comemorou Salvini no Twitter.

O Partido Democrático (PD), principal formação de esquerda, não conseguiu mobilizar o eleitorado para frear o avanço da extrema direita, e precisou se conformar com uma cifra que oscila entre 17% e 21%. Já os antissistema do Movimento 5 Estrelas (M5E) obtiveram entre 13,5% e 17,5% dos votos, abaixo da pontuação histórica de mais de 30% alcançada em 2018, porém acima do que apontavam as pesquisas de opinião. 

"Segundo as pesquisas de boca de urna, trata-se de um resultado histórico. A coalizão de direita obteria a maior porcentagem de votos registrada por partidos de direita na Europa ocidental desde 1945", reagiu o centro de estudos italianos Cise.

- Ascensão vertiginosa -

A ascensão vertiginosa de Giorgia Meloni se deve em grande parte ao fato de ela ter sido a única que se opôs ao governo do economista Mario Draghi por 18 meses, o que a favoreceu em recolher o descontentamento dos italianos diante da inflação, guerra e restrições durante a pandemia.

Fundada no fim de 2012 com ex-apoiadores de Berlusconi e figuras da direita neofascista, a formação superou o Partido Democrático (PD), de Enrico Letta, que concordou apenas com uma aliança com um pequeno setor da esquerda ambientalista.

A líder pós-fascista, 45, admiradora durante sua juventude de Benito Mussolini e conhecida por sua linguagem direta e eficaz desde seus anos como líder estudantil em Roma, também pode se tornar a primeira mulher a chegar à chefia de governo na Itália.

Juntamente com seus aliados, ela promete cortes de impostos e o bloqueio dos imigrantes que cruzam o Mediterrâneo, além de uma política familiar ambiciosa para aumentar a taxa de natalidade em um dos países com mais idosos no mundo.

A vitória de uma líder antieuropa e nacionalista levanta muitas questões no continente e muda a face da Itália, uma vez que colocaria em questão sua posição sobre a União Europeia, pois Giorgia defende a revisão de seus tratados e até a sua substituição por uma "confederação de Estados soberanos". "Todos na Europa estão preocupados com Giorgia Meloni no governo. Acabou a festa, a Itália vai começar a defender seus interesses próprios", advertiu.

A representante do pós-fascismo, que não tem medo de defender uma direita pura e dura, identifica-se com o lema "Deus, pátria e família" e promete lutar contra os grupos de pressão gay e as "teorias de gênero".

"Giorgia Meloni mostrou o caminho para uma Europa orgulhosa, livre e de nações soberanas, capaz de cooperar para a segurança e prosperidade de todos", reagiu no Twitter o espanhol Santiago Abascal, do ultraconservador Vox. 

A vencedora das eleições se converte em figura-chave para um eixo radical de direitas na Europa, que passa por Suécia, Polônia e Hungria. "Precisamos mais do que nunca de amigos que compartilhem uma visão e uma abordagem comuns da Europa", reagiu um porta-voz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

O governo que sair das eleições tomará posse no fim de outubro e terá um caminho cheio de obstáculos e sem muita margem de manobra. Terá que administrar a crise causada pela inflação galopante, enquanto a Itália já está em colapso sob uma dívida que representa 150% do PIB, a mais alta da zona do euro, atrás da Grécia.

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