Primeiro voo de repatriação de brasileiros no Líbano pousa em Beirute; veja
Avião trará 220 passageiros das cerca de 3 mil pessoas que pediram ajuda para sair da zona de guerra
O primeiro voo de repatriação de brasileiros que estão no Líbano pousou em Beirute neste sábado, às 11h22 horário de Brasília. A previsão é que a chegada em São Paulo ocorra neste domingo (6). O primeiro voo trará 220 pessoas, das cerca de 3 mil que pediram ajuda para sair da zona de guerra.
A previsão inicial era que o voo decolasse na sexta-feira, mas o governo brasileiro decidiu adiar a programação por necessidade de "medidas adicionais de segurança para os comboios terrestres" que iriam até o aeroporto de Beirute, onde a aeronave deve pousar.
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O Brasil já tinha autorização para pousar em Beirute, mas as janelas de oportunidades dadas pelas autoridades locais precisam ser revistas a todo instante para garantir a segurança da tripulação. A área do aeroporto de Beirute tem sido alvo de bombardeio nos últimos dias.
"O que eu queria dizer é que as garantias serão dadas pelas autoridades legais. Se houver algum episódio que não permita a aterrissagem, claro que será adiado. Isso será resultado dos constantes encontros, reuniões e consultas com autoridades", afirmou o chanceler brasileiro, Mauro Vieira.
No retorno, a estimativa é de que a aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira faça uma parada técnica em Lisboa. A aterrissagem no Brasil está prevista para este domingo, na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP).
Na última quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, explicou os critérios de seleção. “Em primeiro lugar, brasileiros não residentes. Logo depois, brasileiros residentes. E, dentro dessas duas categorias, o que é estabelecido por lei: idosos, mulheres, gestantes, crianças, pessoas com deficiência, doentes de toda forma. Com base nisso, e com a disponibilidade nos aviões, organizamos a lista para esse primeiro voo”, afirmou.
Tripulação
Na tripulação do KC-30, há uma equipe multidisciplinar com médicos, enfermeiros e psicólogos para garantir acolhimento e assistência. “A gente está aqui para dar um apoio à tripulação e para os passageiros, para que a gente possa mitigar os efeitos desse estresse, de tudo aquilo que causa nas pessoas lidar com situações como essa", completou a tenente Ingrid, psicóloga.
Segurança
Segundo o tenente-coronel aviador Marcos Fassarella Olivieri, o voo se assemelha ao perfil dos 13 que foram feitos na Operação Voltando em Paz, realizada em 2023 para resgatar quase 1.600 brasileiros e mais de 50 animais domésticos das zonas de conflito em Israel, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
"Nós temos a capacidade de, por voo, repatriar 220 pessoas, além de trazer os pets. Nos enche de orgulho participar de uma missão de tamanho vulto e tamanha importância, de podermos trazer os nossos compatriotas de uma zona de guerra para um local seguro", afirmou Olivieri.
O avião
O KC-30 usada neste primeiro voo de repatriação é um avião com cerca de 240 lugares, autonomia para até 14.500 quilômetros e foi utilizado várias vezes nos voos humanitários de resgate de brasileiros na zonas de conflito em Israel e em Gaza desde o início da crise Oriente Médio, em outubro de 2023.
Com 59 metros de comprimento, é a maior aeronave operada pela Força Aérea Brasileira. Tem capacidade de uso em operações estratégicas, apoio logístico e missões humanitárias. Em casos de calamidade pública, como desastres naturais ou emergências médicas, também pode realizar missões de Evacuação Aeromédica (EVAM) para atender a múltiplos pacientes.
A operação
A Operação Raízes do Cedro foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir do acirramento do confronto entre Israel e o grupo Hezbollah, que atua no Líbano.
A logística de repatriação envolve o uso de aeronaves e de servidores da Força Aérea Brasileira e um intenso trabalho de articulação nos bastidores.
O ministro Mauro Vieira teve conversas com chanceleres e representantes do Líbano e de países vizinhos para organizar o resgate com segurança.
Os funcionários da embaixada do Brasil em Beirute garantem o contato frequente com a comunidade brasileira na região, de cerca de 20 mil pessoas, para detectar o número de interessados em retornar, organizar listas, garantir o deslocamento terrestre seguro dos repatriados até o aeroporto e acompanhar o embarque.