Fabricantes devem cumprir compromissos na entrega de vacinas, diz Comissão Europeia
"Vamos montar um mecanismo de transparência nas exportações de vacinas", afirmou Von der Leyen
Os laboratórios devem honrar os compromissos assumidos e entregar no prazo as vacinas negociadas contra a covid-19 - declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta terça-feira (26), após os anúncios de atrasos na distribuição de doses dentro do bloco.
"A Europa investiu bilhões para desenvolver as primeiras vacinas contra a covid-19. Agora, as empresas devem manter suas promessas e honrar suas obrigações", afirmou Von der Leyen, em um discurso por videoconferência no Fórum Econômico Mundial de Davos.
Já no limite após dificuldades na distribuição da vacina da Pfizer/BioNTech, a primeira a ser implantada na UE, Bruxelas está sob pressão após o anúncio de novos atrasos para entrega da vacina britânica da AstraZeneca, devido a uma "queda no rendimento" em uma fábrica.
Enquanto a autorização da entidade regulatória europeia para a vacina AstraZeneca é esperada na sexta-feira, Von der Leyen telefonou para o chefe do laboratório na segunda para lembrá-lo de "que a UE investiu quantias significativas (...) precisamente para garantir que a produção aumentasse" antes da comercialização.
"Por isso, vamos montar um mecanismo de transparência nas exportações de vacinas", visando a identificar as entregas fora da UE de doses produzidas na Europa, lembrou a chefe do Executivo europeu em seu discurso nesta terça.
Ela também voltou a ressaltar que Bruxelas está ajudando a promover a implantação da vacinação em escala global.
"Devido às cadeias produtivas planetárias, a saúde dos nossos cidadãos e a recuperação econômica global andam de mãos dadas (...) Na aliança Covax, a UE, junto com 186 Estados, garantirá milhões de doses para países de baixa renda", disse.
"Nenhuma empresa privada, ou autoridade pública, pode atingir o desenvolvimento tão rápido de uma vacina por conta própria", observou Von der Leyen, destacando que a parceria público-privada deve ser um modelo para "grandes riscos futuros".
Nesse sentido, a UE propôs em novembro passado a criação de uma nova autoridade, equivalente à Autoridade para Pesquisa Biomédica Avançada e Desenvolvimento (Barda) nos Estados Unidos, que tem meios colossais para colaborar com laboratórios.
Essa agência, chamada Autoridade de Resposta a Emergências de Saúde (HERA), que poderia ser operacional a partir de 2023, seria dedicada a estabelecer parcerias público-privadas com a indústria farmacêutica e com organizações de pesquisa, para melhor antecipar e enfrentar as próximas crises de saúde.
Um "programa de preparação de biodefesa" público-privado seria estabelecido dentro da HERA, explicou Ursula von der Leyen, nesta terça-feira.
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Este programa "permanente" seria "pró-ativo, porque não podemos esperar que a próxima pandemia comece a se preparar", afirmou.
"Será inteiramente dedicado à descoberta de patógenos conhecidos e emergentes, bem como ao desenvolvimento e produção de vacinas em escala suficiente para lidar com isso", completou ela.
A presidente da Comissão garantiu ainda que serão disponibilizados "financiamentos previsíveis e de longo prazo" e que a iniciativa "reunirá empresas de tecnologia que lideram a inovação, assim como empresas tradicionais" do setor, ao lado dos órgãos reguladores.