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Faca amolada e trabalho de oito meses: conheça processo de lapidação de maior diamante já descoberto

Encontrada há mais de um século, pedra é única superior à gema cuja descoberta, em Botsuana, foi revelada nesta semana

O diamante Cullinan fragmentado; no sentido horário a partir do canto superior esquerdo, as nove maiores pedras obtidas: II, I, III, IX, VII, V, IV, VI, VIII O diamante Cullinan fragmentado; no sentido horário a partir do canto superior esquerdo, as nove maiores pedras obtidas: II, I, III, IX, VII, V, IV, VI, VIII  - Foto: Divulgação/Royal Collection Trust

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O segundo maior diamante já descoberto na História, de 2.492 quilates e que mal cabe na palma da mão, foi achado em na mina de Karowe, em Botsuana, país que é o maior produtor africano deste tipo de pedra preciosa.

A pedra fica atrás apenas do diamante Cullinan, descoberto perto da cidade de Pretória, na África do Sul, em 1905, recebendo o nome do presidente da empresa de mineração responsável pelo achado, Thomas Cullinan.

Em seu estado bruto, o Cullinan tinha 3.106 quilates, tendo como medidas 10,1cm x 6,35cm x 5,9cm, apresentando uma cor azul-esbranquiçada e uma "clareza excepcional". Após a descoberta, a pedra seria levada para Amsterdã — já sob posse da Coroa Britânica —, onde seria trabalhada pela Asschers, empresa referência no trabalho de fragmentação de pedras preciosas.

Somente para preparar o corte da faca de clivagem usada no processo foram necessários quatro dias de trabalho. Mesmo assim, a primeira tentativa "quebrou a faca em vez do diamente". Depois, seriam mais oito meses de trabalho para concluir a fragmentação da pedra, com os responsáveis atuando 14 horas por dia para cortar e polir as peças.

 

Diamante Cullinan clivado em nove pedaços, mas ainda sem ter sido cortado e polido Diamante Cullinan clivado em nove pedaços, mas ainda sem ter sido cortado e polido — Foto: Divulgação/Royal Collection Trust

Como resultado, foram obtidas nove pedras maiores, que receberam uma identificação de I a IX, além de 97 "pequenos brilhantes" e "alguns fragmentos não polidos". Pelo trabalho, a Asschers recebeu "como pagamento por seu trabalho" as pedras de III a IV.

"Após a morte do Rei Edward em 1910, o Rei George V colocou Cullinan I e II no Cetro do Soberano e na Coroa Imperial do Estado, respectivamente. Ambas as pedras ainda estão na insígnia hoje. [...] Cullinan VI e VIII foram posteriormente trazidos privadamente pelo Rei Edward VII como um presente para a Rainha Alexandra, e os outros foram adquiridos pelo Governo Sul-Africano e dados à Rainha Mary em 1910, em memória da Inauguração da União. Eles foram legados à Rainha Elizabeth II em 1953", explica a Coroa Britânica.

Conheça alguns dos maiores diamantes já encontrados:

A descoberta recente não foi completamente avaliada, no entanto, e ainda não está claro se ela renderá gemas da mais alta qualidade.

Em 2015, a Lucara encontrou um diamante de 1.109 quilates que batizou de "Lesedi La Rona", que na época era o segundo maior já descoberto e foi vendido por US$ 53 milhões. A mina também produziu uma pedra de 813 quilates que alcançou um recorde de US$ 63 milhões. Essas duas gemas eram ambas do Tipo-IIa, a pedra mais valiosa.

 

Cullinan, encontrado em 1905 — Foto: Reprodução

Mas, recentemente, também em Karowe, a Lucara extraiu o diamante "Sewelô" de 1.758 quilates, mas essa não era uma pedra de qualidade gemológica. Ainda assim, mesmo que o diamante descoberto agora não se revele tão valioso, extrair uma pedra tão grande é um feito e tanto para a Lucara, que tem usado tecnologia de raios-x para identificar pedras de alto valor no corpo de minério primário.

Joias da Coroa Britânica
Com uma tecnologia utilizada para preservar as pedras, é possível processar e detectar grandes gemas sem as quebrar — um problema constante ao se tentar separar pedras frágeis de centenas de toneladas de rocha residual.

“A capacidade de recuperar uma pedra tão massiva e de alta qualidade intacta demonstra a eficácia da nossa abordagem para a recuperação de diamantes”, disse William Lamb, CEO da Lucara, em comunicado.

O diamante, encontrado na mina de Karowe, no Nordeste do país, é “um dos maiores diamantes brutos já descobertos”, afirmou a empresa em um comunicado.

Botsuana, com 2,6 milhões de habitantes, é um dos maiores produtores mundiais de diamantes, sua principal fonte de renda.

O "Cullinan", maior diamante já descoberto no mundo, encontrado perto de Pretória, na África do Sul, em 1905, foi cortado em várias gemas polidas, das quais as duas maiores — a Grande Estrela da África e a Pequena Estrela da África — estão inseridas nas Joias da Coroa Britânica.

A descoberta da Lucara ocorre num momento de forte queda nos preços dos diamantes, em meio a um aumento na oferta dessas gemas e a um crescente mercado de pedras sintéticas.

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A empresa não revelou o valor da descoberta, nem sua qualidade, mas apresentará a descoberta à imprensa em Gaborone. O diamante também será exibido ao presidente Mokgweetsi Masisi.

No comunicado, a Lucara afirma que os recursos proporcionam a Botsuana "benefícios socioeconômicos consideráveis", como a possibilidade de financiar "setores essenciais como educação e saúde", assim como o setor de infraestruturas.

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